3 em cada 4 consumidores europeus acreditam que os alimentos sustentáveis devem custar menos



A ANP|WWF lança hoje os resultados de um inquérito europeu que mostra que 3 em cada 4 consumidores europeus acreditam que os alimentos sustentáveis devem custar menos ou, pelo menos, não mais do que os alimentos que não são sustentáveis. Os portugueses apontam as alterações climáticas como uma das cinco questões que mais os preocupa atualmente.

O custo dos alimentos é uma preocupação e barreira para os consumidores europeus no acesso a alimentos sustentáveis e saudáveis. Segundo o recente inquérito realizado em 11 países europeus, divulgado em comunicado pela ANP|WWF, o custo dos alimentos tornou-se um fator de ansiedade para os cidadãos – ultrapassando os custos da habitação – com 6 em cada 10 entrevistados a citar o “preço” como o principal obstáculo para consumir alimentos sustentáveis. Mais de três quartos dos entrevistados acreditam que os alimentos sustentáveis devem custar menos ou pelo menos não mais do que os alimentos que não são amigos do ambiente.

“Este estudo é mais uma prova de que “as pessoas estão inequivocamente motivadas para adotarem hábitos alimentares mais saudáveis e sustentáveis, mas encontram dificuldades no acesso a estes alimentos. No que diz respeito ao preço a que estes alimentos chegam até aos consumidores, é aqui que os governos europeus podem e devem intervir e parar de financiar produção alimentar que não respeita os limites do planeta. A transição para uma produção mais sustentável é também uma forma de protegermos o mercado contra os choques externos e contra a inflação, sentida por todos os cidadãos. A Comissão Europeia deve aproveitar as discussões em torno da Lei Europeia dos Sistemas Alimentares Sustentáveis para discutir e procurar soluções que tornem a produção alimentar mais resiliente e sustentável”, explica Tiago Luís, Coordenador de Alimentação da ANPlWWF.

Sistema alimentar da UE responsável por 31% das emissões totais de gases com efeito estufa

O comunicado sublinha que o sistema alimentar da UE é responsável por 31% das emissões totais de gases com efeito estufa e contribui significativamente para o aumento de doenças não transmissíveis, como cancro, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral e diabetes. Estas representam 80% das doenças nos países da UE e são as principais causas de mortes prematuras evitáveis.

Segundo a mesma fonte, a maioria dos inquiridos (75%) acredita que os grandes fabricantes “devem ser responsáveis por garantir que os alimentos que vendem são produzidos de forma sustentável”. A maioria dos entrevistados acredita que os fabricantes de alimentos e retalhistas devem ser obrigados a reduzir suas emissões de gases com efeito de estufa (71%) e a adquirir muito mais alimentos de produtores sustentáveis (67%). Mais da metade (53%) acredita que os retalhistas devem parar de anunciar os seus produtos menos sustentáveis.

Cantinas públicas são bom ponto de partida para tornar alimentos sustentáveis mais acessíveis

Os consumidores europeus consideram ainda que um bom ponto de partida para tornar os alimentos sustentáveis mais acessíveis são as cantinas públicas, onde pelo menos metade dos alimentos servidos devem ser produzidos de forma sustentável. As compras públicas de alimentos, que envolvem a compra de alimentos e serviços relacionados para escolas, hospitais e universidades, “raramente priorizam o consumo de alimentos sustentáveis”.

Os portugueses destacam-se dos restantes inquiridos e a grande maioria defende que as cantinas públicas e as empresas devem assumir a responsabilidade e tomar medidas para garantir a sustentabilidade dos seus produtos, embora esperem mais dos grandes retalhistas do que das pequenas e médias empresas (PMEs).

 

 





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