76% das empresas diz ter modelos estratégicos para responder aos desafios da sustentabilidade
De acordo com o Índice de Sustentabilidade Empresarial os modelos de liderança, cultura e desenvolvimento de capital humano relacionados com o desenvolvimento sustentável são uma oportunidade pouco explorada em Portugal. Esta é uma das conclusões da análise feita às empresas em 2014.
O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) é um instrumento de análise do Observatório de Sustentabilidade Empresarial e foi criado em 2009 numa parceria entre o Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (BCSD) e o Instituto Superior Técnico (IST) da Universidade de Lisboa, com financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian e das EEA Grants.
O instrumento de análise tem por base um questionário de 586 perguntas a que as empresas nacionais membro do BCSD – cerca de 100 – respondem de forma voluntária. Na edição de 2014 do índice foram 42 as empresas que responderam ao questionário. O objectivo do índice é que sirva como “uma ferramenta interessante para as empresas e possa fomentar a preocupação em prol de práticas corporativas mais sustentáveis”, como referiu Fernanda Pargana, secretária-geral do BCSD Portugal, esta quarta-feira na apresentação dos resultados preliminares do índice de 2014.
O ISE é composto por cinco áreas de diagnóstico que permitem a comparabilidade entre empresas do mesmo sector e entre sectores diferentes. São elas: liderança estratégica, capital humano, produção e consumo sustentável, clima e energia e biodiversidade e serviços dos ecossistemas.
Resultados preliminares de 2014
Embora os dados de 2014 ainda não estejam completamente tratados, o ISE decidiu “procurar dentro dos resultados disponíveis apresentar dados que, ainda que não sejam os finais, sejam valores credíveis”, como explicou Maria do Rosário Partidário, presidente do Centro de Estudos e Gestão do IST e investigadora que liderou o índice.
Dos dados já disponíveis sabe-se que no campo da liderança estratégica, 76% das empresas inquiridas afirma ter um modelo de liderança estratégica preparado para responder aos desafios da sustentabilidade.
Na área do capital humano, 56% das inquiridas tem postos de trabalho onde a sustentabilidade é um requisito na descrição de funções.
No campo da produção e consumo sustentável, as acções mais comuns de produção sustentável residem em medidas de sensibilização de colaboradores (86%), sistemas de gestão ambiental (83%), identificação e avaliação de riscos (81%) e acções correctivas (75%). No que concerne às acções de consumo sustentável, as mais implementadas são programas, métricas e indicadores dos recursos consumidos (79%), selecção de fornecedores por desempenho ambiental (64%), utilização de energias renováveis (57%), sensibilização do cliente para o consumo (55%) e directrizes e objectivos estratégicos (50%).
Quanto à área do clima e energia, 81% das empresas que responderam ao questionário indicam que estabeleceram metas e objectivos para a redução de energia e 67% indica integrar as alterações climáticas na sua estratégia.
Relativamente à última área de diagnóstico, em resposta à questão “como é que as empresas entendem o papel dos serviços dos ecossistemas na estratégia da organização rumo ao desenvolvimento sustentável”, as respostas dividiram-se entre oportunidades e riscos. Quanto às oportunidades destacam-se as operacionais (50%), regulatórias (31%), reputacionais (36%), mercado (29%) e financeiras (12%). No que concerne aos riscos os mais equacionados pelas empresas são os operacionais (45%), regulatórios (40%), reputacionais (36%), mercado (31%) e financeiros (21%).
Em conclusão, Maria do Rosário Partidário salientou que entre o ISE de 2010 e o de 2014 as empresas demonstram uma aposta na componente mais física do desenvolvimento sustentável e os modelos de liderança, cultura e desenvolvimento do capital humano relacionados com o desenvolvimento sustentável são uma oportunidade pouco explorada pelas empresas nacionais.
Foto: Observatório de Sustentabilidade Empresarial / Creative Commons