90% das línguas podem desaparecer em 100 anos devido às migrações populacionais
Os cenários de ficção científica do futuro mostram-nos um mundo cheio de arranha-céus e carros voadores, mas daqui a 100 anos o mundo não terá apenas um aspecto diferente como soará diferente.
Actualmente são faladas cerca de 6.000 línguas em todo o globo. Em 2115 deverão restar apenas 600. A conclusão é de um novo estudo da Universidade de Columbia que indica que cerca de 90% das línguas poderão desaparecer dentro de um século e os 10% restantes serão versões simplificadas dos dialectos reconhecidos actualmente.
Num artigo para o Wall Street Journal, John McWhorter, investigador de linguística da Universidade de Columbia escreve que dentro de um século haverá “muito menos línguas”, que serão menos complicadas que as actuais – especialmente na forma como são faladas.
O especialista aponta que a principal causa do desaparecimento futuro dos dialectos será a globalização. Com a migração de pessoas para novas áreas, as culturas vão tornar-se mais fragmentadas. As culturas menos conhecidas e os seus dialectos únicos dificilmente vão sobreviver, ao contrário das línguas mundialmente faladas, como o inglês ou o mandarim. O fenómeno está já em curso em alguns locais devido à colonização, nomeadamente na América e Austrália, onde as línguas nativas desapareceram ou há poucos que as falem.
“O facto de haver menos línguas significa que haverá certamente menos culturas e mesmo que existam 600 culturas, as pessoas do futuro não se considerarão a viver num mundo monolítico”, indica McWorther ao Daily Mail. “Uma língua não só uma colecção de palavras e regras, é parte de uma cultura, ensinada desde cedo às crianças”.
Nem as novas tecnologias de comunicação, nomeadamente os tradutores em tempo real, conseguirão travar o desaparecimento das línguas. “Diz-se que a tradução instantânea vai manter as línguas vivas, mas o conceito não vai além da tradução. Quando uma língua não é transmitida às crianças, essas pessoas vão ter um menor interesse em tecnologia que traduza uma língua que não falam”, explica o investigador.
Porém, McWorther indica que as novas tecnologias podem ser utilizadas para gravar e registar línguas em vias de desaparecimento.
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