Casais Summit: Alterações climáticas, sustentabilidade e o futuro da construção



Realizou-se hoje o Casais Summit, um seminário digital com o tema “Alterações Climáticas e Sustentabilidade Ambiental”, abordando estas questões a nível do setor da construção.

O evento foi organizado pelo Grupo Casais, uma das maiores empresas do setor da construção em Portugal, que opera atualmente em 17 países em todo o mundo. Estiveram presentes várias personalidades, a Secretária de Estado do Ambiente, Inês dos Santos Costa, o CEO do Grupo, Engenheiro António Carlos Rodrigues, e os principais oradores foram a Diretora Executiva da Associação Smart Waste Portugal, Luísa Magalhães,  o Arquitecto e Investigador José Pequeno, o Arquiteto Pedro Ressano Garcia, e o CEO da Get2C, Pedro Martins Barata.

Inês dos Santos Costa iniciou a sessão explicando que “o mundo neste momento usa mais recursos do que o que o Planeta consegue fornecer. Os níveis atuais do consumo global significam que precisaríamos de qualquer coisa como três Planetas até meados deste século”, o que equivale “ao nosso tempo de vida, não um futuro longínquo”, “mas só temos um Planeta”, aponta. Acrescentou ainda que embora estejamos numa fase de aceleração tecnológica e de inovação, o break-thru necessário ainda não aconteceu.

Contudo, relembrou que Portugal está entre os países que lideram os esforços na redução das emissões, através das medidas em curso e das já planeadas, e reforçou ainda a importância de se fazer uma gestão dos materiais e de se redesenhar as estratégias de construção, para contribuir para um futuro mais eficiente e sustentável. “A próxima década será crucial”, garante.

Pedro Martins Barata foi o segundo orador, e deixou claro que “o nosso mundo é finito e nós temos uma capacidade de carga enquanto ecossistema global”, pelo que “é preciso redimensionar a atividade humana, de forma a colocá-la dentro dessa capacidade de carga do ecossistema.”

O CEO explicou que o reconhecimento de fenómenos globais como a destruição da camada de ozono e as alterações climáticas, se deu através da ciência, e que devemos tentar travar as emissões de gases poluentes para a atmosfera de maneira a os controlarmos. Relembra ainda que a Europa tem vindo a melhorar o seu papel neste assunto, e que todos os setores serão cruciais para travar  impactos futuros.

Por sua vez, Pedro Ressano Garcia mostrou alguns dos seus projetos e construções em que se inspirou, e destacou 5 pontos fundamentais para melhorar o trabalho neste setor: A introdução de vegetação local, o conforto e consumo energético, o efeito esponja e controle térmico, a reciclagem de materiais e a energia passiva e eficiência energética.

As novas soluções arquitectónicas mais sustentáveis, como “muitos estudos demonstram”, são “uma tendência”, serão “uma necessidade e a prazo uma imposição”, afirma. O Arquitecto refere também a necessidade de se mudar o ensino, que “se encontra desfasado das questões que estão hoje em cima da mesa”.

Luísa Magalhães sublinha a importância do conceito de construção circular, onde o design dos edifícios e a reciclagem são muito importantes, e os Municípios, os engenheiros e os empreiteiros têm um papel crucial. “Devemos pensar na desconstrução e no ciclo total da obra” afirma, dado que os resíduos de construção e demolição (RCD) correspondem a 30% dos resíduos da EUropa, o equivalente a 750 mil toneladas por ano, que podem ser reutilizados e reaproveitados a 90% que assim o quisermos. A Engenheira explica que se devem aplicar algumas medidas como, utilizar material reciclado, entregar os resíduos das obras domésticas e projetar de forma a que os recursos possam ser economicamente reutilizados.

O Arquitecto José Pequeno apresenta a solução Fractus, uma ideia inovadora que quer transformar o paradigma da construção, através de soluções rápidas, sustentáveis, a preço competitivo e com qualidade. Através destas construções, é possivel reduzir em 70% as emissões de CO2, acabar com o consumo de água, diminuir os gastos energéticos, e baixar significativamente o impacto ambiental, dado que são utilizadas estruturas metálicas 100% recicláveis e os painéis podem ser reutilizados em novas construções.

A sessão termina com o testemunho de António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais. “As empresas são organismos que respondem a políticas, e são um veículo de alinhamento de coordenação de esforços, por isso nós decisores e gestores, também temos uma responsabilidade para encaminhar as nossas empresas no sentido da sustentabilidade”.

Ao utilizar métodos construtivos mais sustentáveis, garante o Engenheiro, existe menos desperdício, menores interdependências, uma produção mais limpa e uma simplificação em termos de aplicação. “Eramos lagartas antes da Covid”, “2020 foi o nosso casulo”, “quebramos preconceitos, hábitos”, e mentalidades, e na primaveira “esta borboleta da sustentabilidade vai começar a fertilizar”, e “por onde ela passar vai surgir vida nova”, exemplifica. “Estamos todos prontos para voar e fazer o nosso papel de borboleta neste mundo depois do Covid?”.





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