COVID-19 levou ao aumento em 50% das mortes por ondas de calor



As ondas de calor e as temperaturas elevadas afetam a saúde humana, podendo em muitos casos levar à morte. Em Portugal, no ano e 2020, existiram mais 50% de mortes relacionadas com as ondas de calor devido ao período pandémico provocado pela COVID-19. As principais razões para este desfecho foram a notória redução na procura por cuidados médicos relacionada com o medo dos utentes, e a interrupção dos sistemas de saúde, revelam os autores, num artigo publicado em janeiro na revista científica Journal of Biometeorology.

No final de junho e início do mês de agosto, o país sofreu um período extenso de calor – o mês de julho foi mesmo categorizado como o mais quente desde 1931. Este fenómeno levou ao maior número de vítimas mortais de que alguma vez houve registo no mês de julho, e contribui para o aumento da mortalidade registada no mesmo ano. Durante o pico o mês foram registados mais de 45% de óbitos por dia. No total, a COVID-19 e as temperaturas extremas levaram a um excesso de 12 mil mortes em 2020.

“Embora as medidas de bloqueio e a reorganização dos sistemas de saúde tenham evitado mortes diretamente relacionadas ao vírus, uma carga significativa devido a outras causas representa um forte impacto secundário. Isto foi particularmente relevante durante os períodos de calor do verão, quando a taxa de letalidade atingiu magnitudes não experienciadas desde as ondas de calor de 2003″, explicam os autores.

O estudo foi desenvolvido por investigadores do Instituto Português do Mar e Atmosfera (o primeiro autor Pedro M. Sousa), do Instituto Dom Luiz – Ricardo M. Trigo (Ana Russo e João L. Geirinhas) e do Instituto Ricardo Jorge (Ana Rodrigues, Ana Torres e Susana Silva).





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