Adaptação e sobrevivência: 5 formas de os países reforçarem as defesas face a “um planeta cada vez mais hostil”
As Nações Unidas, designadamente pela voz do seu Secretário-Geral, António Guterres, têm apelado a todos os países do mundo para reduzirem imediatamente as suas emissões de gases poluentes para a atmosfera, para ser possível travar a degradação ambiental e tentar minimizar os impactos devastadores das alterações climáticas.
Só com o abandono da energia fóssil e da transição para uma economia mais limpa e livre de emissões é possível haver alguma esperança de que seja possível alcançar a meta de aquecimento global de 1,5 graus acima dos níveis pré-industriais até ao final do século.
Contudo, a queima de combustíveis fósseis continua e os efeitos das alterações climáticas são cada vez mais evidentes e os seus efeitos abrangentes e frequentemente catastróficos. Assim, a ONU aponta cinco formas que podem ajudar os países mais afetados a fazerem frente às consequências de um planeta mais degradado pela ação humana.
Sistemas de alerta precoce
Os especialistas das Nações Unidas indicam que a implementação de sistemas de alerta precoce é fundamental para tentar minimizar os impactos de eventos climáticos adversos. Por exemplo, nos casos de uma onda de calor ou de uma tempestade, um aviso com antecedência de 24 horas poderá reduzir os danos sofridos em 30%.
“Os sistemas de alerta precoce que forneçam previsões climáticas são uma das medidas de adaptação mais económicas”, dizem, apontando que, no entanto, “um terço da população mundial ainda não está adequadamente abrangida” por esses mecanismos.
Restauro de ecossistemas
A recuperação de ecossistemas degradados não só permitirá capturar dióxido de carbono, mas ajudará também a escudar as populações dos impactos mais fortes das alterações climáticas.
“Nas cidades, o restauro de florestas urbanas arrefece o ar e reduz as ondas de calor”, assegura a ONU, explicando que uma só árvore á capaz de fornecer um efeito de arrefecimento equivalente a dois aparelhos de ar-condicionado a trabalharem durante 24 horas seguidas.
Nas zonas costeiras, a recuperação, por exemplo, de florestas de mangues permite reconstruir barreiras naturais contra os efeitos das tempestades, reduzindo o tamanho e a força das ondas do mar.
Infraestruturas resilientes
Infraestruturas críticas, como estradas, pontes e redes elétricas, devem estar preparadas para resistirem, sem colapsarem, aos choques provocados por fenómenos climáticos extremos. “As infraestruturas são responsáveis por 88% dos custos projetados para a adaptação às alterações climáticas”, explica a ONU.
Quanto mais resilientes forem as infraestruturas, menores serão os impactos de tempestades ou de ondas de calor extremo, e menores serão os custos de recuperação.
Abastecimento de água e segurança hídrica
Dizem os especialistas que “até 2030, espera-se que uma em cada duas pessoas enfrentem graves faltas de água”, ou seja, em pouco menos de oito anos as estimativas apontam para que 50% da população humana em todo o mundo venha a sofrer de insegurança hídrica.
Assim, conservar a água a apostar numa utilização sustentável é crucial para garantir a sua disponibilidade nos próximos anos. Sistemas de irrigação agrícolas mais eficientes, redução das fugas e melhores planos de gestão são importantes para proteger esse recurso valioso, que é a base de toda a vida na Terra.
Planeamento a longo-prazo
Por fim, a ONU diz que “soluções de adaptação climática são mais eficazes quando integradas em estratégias e políticas de longo-prazo”, destacando que os vários governos do mundo devem conceber estratégias que estabeleçam as principais prioridades no que toca à adaptação dos seus países e das suas comunidades às alterações climáticas.
Traçar planos com base em cenários futuros e combiná-los com avaliações das vulnerabilidades de diferentes setores ajudam os governos a tomar as melhores decisões em matéria de investimento, regulação e tributação.
Cerca de 70 países das Nações Unidas já criaram os seus Planos Nacionais de Adaptação, e outros 20 estão a receber ajuda do Programa Ambiental da ONU para conceberem as estratégias que melhor se adaptem às suas necessidades e particularidades, geográficas, demográficas, políticas, entre outras.
“Muitos países estão a sofrer como resultar de eventos climáticos extremos mais frequentes, que ameaçam a segurança alimentar e a estabilidade global”, diz a organização internacional, frisando que “mais medidas urgentes têm de ser tomadas para ajudar os países a adaptarem-se a um planeta cada vez mais hostil”.