Cabo Verde quer que energias renováveis sejam distribuídas de forma eficiente e com menos custos
O ministro da Indústria, Comércio e Energia de Cabo Verde disse ontem que o país precisa de ter capacidade para receber energias renováveis e as distribuir de forma eficiente para chegar aos consumidores com qualidade e menores custos.
“Estamos a esperar mais energias renováveis, mas também mais energias com menos custo, que é muito importante para nós. Além disso, não basta só ter energia, é preciso termos também capacidade de receber as energias renováveis e fazer a sua distribuição de forma eficiente”, afirmou Alexandre Monteiro, na Praia, após visitar o Centro de Energias Renováveis e Manutenção Industrial (CERMI) e a empresa de produção e distribuição de eletricidade e água (Electra).
O ministro referiu que a visita está inserida num programa de contactos com empresas envolvidas na implementação do Programa de Desenvolvimento do Setor da Energia aprovado pelo Governo, que inclui a de produção de energia eólica em Cabo Verde (Caboeolica), que disse estar num processo avançado e que vai expandir o seu parque eólico até final deste ano.
“É um projeto importante que irá mais do que duplicar a produção de energia renovável na ilha de Santiago e contribuir também para a nível do país ultrapassarmos 30% de penetração de energias renováveis”, apontou, sublinhando a importância da distribuição, mas enaltecendo que a energia deve chegar aos consumidores de forma eficiente, com menos custo e com qualidade.
O governante salientou que as infraestruturas tecnológicas das empresas estão operacionais, mas que além de criar condições para produzir e distribuir energia de forma eficiente, é importante ter consumidores devidamente ligados à rede elétrica.
“Estar de forma ilegal no acesso à energia causa danos ao sistema elétrico nacional e prejudica os outros consumidores”, constatou Alexandre Monteiro, que disse que a Electra tem feito esforços para combater as perdas da eletricidade e que este problema tem sido uma preocupação a nível nacional.
O responsável acrescentou: “Temos constatado que teve pequenas evoluções, mas mesmo assim quase que uma estagnação, uma evolução muito ligeira e queremos acelerar. Temos ainda o nível de perdas acima de 24%, o que é muito elevado”.
“Há essa trajetória de redução, mas queremos acelerar e a sua aceleração consegue-se com investimentos que está a ser feito a nível de Electra, no reforço com apoio do Governo para reforçar a rede e também melhorar tecnologicamente o sistema de gestão da distribuição. Temos que estar literalmente a ceder ao consumo de energia, porque também a forma de ligação ilegal contribui para aumentar as perdas comerciais, não basta apenas perdas técnicas, mas temos que reduzir as perdas comerciais”, concluiu.
A Electra continuou a perder quase um quarto (24,8%) da eletricidade produzida em Cabo Verde no primeiro trimestre deste ano, segundo dados divulgados pela empresa.
De acordo com os principais dados e indicadores técnicos, entre janeiro e março de 2023 as perdas totais de eletricidade foram de 27.380.987 kW, equivalente a “24,8% da produção nacional”.
Registou-se ainda perdas totais de distribuição de água da Electra Norte, de 42,6% e perdas de água em alta da Electra Sul de 0,7%.
O Estado de Cabo Verde deu um aval à empresa de eletricidade e água Electra para contrair um empréstimo bancário de 350 milhões de escudos (3,1 milhões de euros) para executar as atividades e reforçar a tesouraria.