Aquecimento global é, afinal, mais complexo do que se pensa
A noção de que a maior quantidade de dióxido de carbono (CO2) presente na atmosfera está a criar uma espécie de cobertor que retém mais calor, provocando o aquecimento global, pode não ser assim tão simples. Uma nova investigação da Universidade de Washington e do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT) defende que o fenómeno é bem mais complexo, embora as potenciais consequências catastróficas sejam as mesmas.
O estudo defende que o aquecimento global, a longo prazo, funcionará mais como uma loção de bronzeamento, permitindo que a Terra absorva mais raios solares. Segundo explicam os cientistas, de uma forma simplista, o CO2 expelido pelas fábricas e veículos funciona como um cobertor, retendo mais raios infravermelhos dentro da atmosfera terrestre.
Consequentemente, a atmosfera reflecte muito menos radiação para o espaço porque as camadas superiores da atmosfera estão mais frias que a superfície da Terra. Gradualmente, o planeta começa a aquecer sob este cobertor de CO2 e os objectos mais quentes emitem mais radiações de onda-longa. Assim, dentro de uma década o efeito de espessamento do cobertor será anulado pelos corpos terrestres cada vez mais quentes, que emitem mais energia.
O estudo defende então que a longo-prazo a Terra vai começar a absorver mais radiação de onda-curta – como por exemplo os raios vindos directamente do Sol.
Investigações anteriores divergiram a discussão científica da radiação de onda-curta uma vez que as nuvens podem reflectir esta luz visível novamente para o espaço, mas também porque a maneira como as nuvens vão reagir às alterações climáticas ainda não é conhecida.
Porém, os cientistas envolvidos neste novo estudo defendem que com o aquecimento global haverá menos gelo no planeta e o ar tornar-se-á mais húmido, acções que vão desencadear uma maior absorção de radiação solar. Os efeitos serão semelhantes a colocar um bronzeador no planeta.
“Os nossos resultados não alteram a explicação geral de que o planeta vai continuar a aquecer devido ao uso combustíveis fósseis, mas alteram a nossa percepção de como o aquecimento é formado”, indica David Battisti, da Universidade de Washington, cita o Daily Mail.
Foto: Mikael Miettinen / Creative Commons