Comer menos é essencial para combater alterações climáticas
Ainda que poucos o saibam, a verdade é que a indústria da carne produz mais emissões de gases com efeito de estufa que a dos transportes – todos os carros, aviões, comboios ou barcos juntos –, por isso reduzir o enorme apetite dos consumidores globais é essencial para evitar o aquecimento global, de acordo com um novo estudo desenvolvido pelo think tank britânico Chatham House, depois de uma pesquisa da Ipsos Mori.
“Evitar uma catástrofe [ligada] ao aquecimento [global] depende de reduzirmos o consumo de carne e produtos lácteos, mas o mundo está a fazer muito pouco [para que tal aconteça]”, explicou Rob Bailey, autor do relatório. “Estamos a fazer muito contra a desflorestação e transporte, mas nada para o sector da carne”.
Segundo a análise, citada pelo Business Green, existe junto dos Governos, sociedade civil e até alguns ambientalistas a noção de que não é positivo dizer às pessoas o que elas devem ou não devem comer, por isso o tema é agora uma espécie de tabu. Na verdade, o último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas) descobriu que uma mudança de dieta pode “reduzir substancialmente” as emissões, mas não existe nenhum plano das Nações Unidas para o efectivar.
O relatório admite ainda que o aumento drástico da procura de carne na China e outros países pode levar o clima do mundo para o caos – em 2020 a China deverá comer mais 20 milhões de toneladas de carne e lacticínios por ano.
Finalmente, dois estudos recentes calcularam que, se os nossos hábitos de alimentação não forem revistos, as emissões do sector agrícola poderão responder por todo o nosso orçamento de carbono em 2050, o que significaria que todos os outros sectores – energia, indústria e transportes – teriam de ter zero emissões dentro de 35 anos. E isso é simplesmente impossível.
Foto: Tobias Akerboom (at hutme / Creative Commons