Projecto europeu pretende transformar desperdício alimentar em grafeno



O desperdício alimentar não é apenas um desperdício de comida, mas também de tempo, dinheiro e recursos naturais que foram utilizados para a produção dos alimentos. Adicionalmente, existe ainda a emissão de gases com efeito de estufa.

A melhor solução para acabar com o desperdício alimentar em primeiro lugar é não desperdiçar comida. Mas como isso nem sempre é possível há outras formas de reaproveitar os alimentos, como a compostagem ou o projecto Plas Carb.

O Plas Carb é um projecto da União Europeia (UE) que tem como objectivo reaproveitar os desperdícios de comida e transformá-los em algo útil. O metano criado pela digestão anaeróbica dos desperdícios alimentares – um processo que decompõe os alimentos e liberta metano e dióxido de carbono – é utilizado para criar grafeno – uma das formas cristalinas do carbono, assim como o diamante e a grafite – e hidrogénio renovável.

Um estudo de 2014 indica que cerca de 100 milhões de alimentos são desperdiçados todos os anos na UE, valor que deverá aumentar para 126 milhões de toneladas em 2020.

O hidrogénio pode ser utilizado como combustível, mas, actualmente, a maior parte do gás é produzido a partir de combustíveis fósseis, pelo que uma fonte renovável do gás possui bastantes vantagens. Já o grafeno tem cada vez mais aplicações, uma vez que é um material bastante forte e com alta condutividade.

Segundo o Centre for Process Innovation do Reino Unido, que está a monitorizar o projecto, primeiramente, o desperdício alimentar é convertido em biogás – uma mistura de metano, dióxido de carbono e impuridades – durante o processo de digestão anaeróbica. O projecto vai ser monitorizado durante um ano pelo centro para que possa ser analisada a quantidade e composição do biogás resultante do processo de digestão e avaliada a viabilidade económica da remoção das impuridades. “A análise do ciclo de vida vai permitir que a abordagem seja sustentável”, afirma Neville Slack, gestor de projecto no centro britânico, cita o Motherboard.

Posteriormente, na segunda fase do processo, o metano extraído do biogás é convertido em grafeno e hidrogénio através de um processo de plasma de microondas de baixa energia. “O elemento chave da inovação é a criação de grandes zonas homogéneas de plasma sem equilíbrio para a transformação do metano em produtos carbónicos à pressão atmosférica com potencial para uso industrial”, explica Slack.

Se o projecto correr como o esperado, é uma questão e avaliar a viabilidade de lidar com os resíduos desta forma em larga escala.

Foto:  jbloom / Creative Commons





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