Afinal, o veneno dos escorpiões muda
O veneno que os escorpiões produzem varia em função das vítimas ou dos predadores que enfrentam. A descoberta é recente e provocou espanto na comunidade científica.
Pela primeira vez a ciência revelou que a química de certos organismos que produzem substâncias tóxicas pode ser regulada conforme a ameaça que enfrentam. As cobaias, neste caso, foram escorpiões e o resultado dos testes deu positivo.
Esta investigação, desenvolvida pela Universidade James Cook de Queensland (Austrália), envolveu ambientalistas, químicos e especialistas em fisiologia. James Seymor, investigador do Instituto Australiano de Medicina e Saúde Tropical, que pertence àquela universidade, explicou que já se sabia que o veneno pode ser um cocktail poderoso, composto por diferentes toxinas, mas o objectivo deste estudo era saber se a “receita” era única ou “respondia a diferentes ambientes e interacções”.
Durante esta pesquisa escorpiões foram divididos em três grupos. O primeiro foi colocado frente a grilos mortos, o segundo foi confrontado com grilos vivos e o terceiro ficou perto de um rato dissecado para simular a ameaça de um predador. Ao fim de seis semanas de experiências percebeu-se que os venenos produzidos apresentavam composições diferentes conforme as circunstâncias. Os escorpiões que ficaram frente ao rato desenvolveram um perfil de veneno que actua em mamíferos, ao passo que os outros produziram uma variante de toxinas que funciona em insectos.