África do Sul recorre a detetor de mentiras para combater a caça furtiva
Os testes de polígrafo serão obrigatórios para os funcionários que trabalham nos parques nacionais da África do Sul, a fim de combater a caça furtiva desenfreada de animais selvagens, anunciou hoje a organização pública que administra os parques.
Os caçadores furtivos, por vezes com a cumplicidade dos funcionários do parque, dizimaram a população existente no país de rinoceronte em perigo de extinção nos últimos anos.
Em resposta, a organização dos Parques Nacionais da África do Sul (SanParks, no acrónimo em inglês) adotou uma nova política de testes de polígrafo para os seus funcionários.
Os testes serão inicialmente voluntários, mas “a intenção é eventualmente tornar os testes poligráficos obrigatórios para certas categorias de trabalho”, disse a organização numa declaração.
Espera-se que a política aprovada em novembro entre em vigor no início do próximo ano, disse a ministra do Ambiente, Barbara Creecy, numa resposta escrita ao partido da oposição Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês), que publicou a resposta na quarta-feira.
Os detetores de mentiras não são “a resposta para prevenir ou gerir o envolvimento do pessoal no crime, mas é uma ferramenta que deve ser utilizada como parte de um conjunto de ferramentas e com uma compreensão total dos seus benefícios, mas também das suas limitações”, disse Rey Thakhuli, gestor de comunicações da SanParks.
Os testes de polígrafo para o pessoal da SanParks foram introduzidos pela primeira vez em 2016 como um projeto-piloto.
No ano passado, o Ministério do Ambiente disse que 71 funcionários do parque passaram o teste. A SanParks emprega cerca de 4.000 pessoas, de acordo com números oficiais.
“Há suspeitas de que alguns funcionários do SanParks possam ter sido corruptos”, disse Dave Bryant, responsável pelo ambiente na DA, citado pela agência France-Presse.
“Já é tempo de tomarmos medidas ativas para resolver este problema”, acrescentou.
A África do Sul é o lar de quase 80% dos rinocerontes do mundo. Mas é também um foco de caça furtiva de rinocerontes, impulsionada pela procura asiática, onde os chifres são utilizados na medicina tradicional pelo seu suposto efeito terapêutico.
Quase 470 rinocerontes foram caçados em todo o país entre abril de 2021 e março de 2022, de acordo com números governamentais, um aumento de 16% em relação aos 12 meses anteriores.
O turístico Parque Kruger, na fronteira com Moçambique, viu a sua população de rinocerontes diminuir drasticamente durante a última década devido à caça furtiva.
O número estimado do parque em 2021 era de 2.800 rinocerontes, cerca de 70% menos do que em 2008, de acordo com as estatísticas oficiais do SanParks.