Alasca: a história de uma aldeia fantasma num dos locais mais remotos do mundo



Há um século, a King Island era povoada por uma agitada comunidade de 200 pessoas, que passava os dias a caçar focas e as noites a dançar por debaixo do grande céu do Alasca. Hoje, após uma série de tragédias, a ilha deserta resume-se a um conjunto de casas em ruínas – um simples resquício do que foi no passado.

A população começou a diminuir quando, há 70 anos, os homens da aldeia foram enviados para combater na Segunda Guerra Mundial e um surto de tuberculose condenou muitos dos habitantes. As possibilidades de emprego e melhor assistência médica também contribuíram para o êxodo, tal como o encerramento em 1959 da única escola da ilha, devido a receios de derrocada.

Com a escola fechada, muitas famílias viram-se obrigadas a começar uma nova vida na cidade continental vizinha de Nome – e, mais de 50 anos depois, a rocha supostamente prestes a soltar-se e a esmagar a escola ainda não se moveu.

Antes dos medos tomarem conta da ilha, situada a 64 Km do continente, famílias inteiras viveram durante milhares de anos tranquilamente nas suas íngremes margens rochosas. A ilha, que tem apenas 1,6 Km de comprimento, era habitada por um grupo inupiat que se auto-intitulava de Ukivokmiut – que significa “povo do mar”. A pequena aldeia chamava-se Ukivok. Os seus homens eram conhecidos por ser excelentes caçadores e escultores de marfim.

Hoje, a comunidade já não existe fisicamente. Mas continua viva na memória da neta de um antigo morador que sempre se sentiu atraída pelo lugar de origem dos seus antepassados.

Após 35 anos de vida, Joan Naviyuk Kane alcançou finalmente o seu desejo de visitar a ilha. Através do site United States Artists, conseguiu angariar o dinheiro necessário para financiar uma viagem de duas semanas a King Island.

Kane é escritora e espera que a viagem a inspire num novo romance. Mas chegar à aldeia abandonada não será uma tarefa fácil. Como não existe nenhum ponto para atracar um navio, ela vai ter de se deslocar até lá de helicóptero ou numa pequena embarcação. Ficará alojada numa resistente tenda, capaz de suportar os ventos fortes.

Kane prevê a criação de um site sobre a aldeia fantasma. É assim que um território inóspito volta a ser recordado pelo seu valor histórico e sentimental.





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