Alto Minho: EDP restitui terras expropriadas há 40 anos
Quarenta anos depois de terem sido expropriados vários terrenos nas margens do Rio Minho (na foto), entre Monção e Melgaço, para a construção da barragem de Sela, um projecto luso-espanhol, os cerca de mil expropriados – os seus herdeiros, na maioria – poderão voltar a cultivar as antiga propriedades.
Segundo o Jornal de Notícias, a devolução definitiva de centenas de terrenos, casas e até pesqueiras do rio Minho de cinco freguesias do Alto Minho está a ser negociada por uma associação criada para o efeito: A EDP e a espanhola Gás Natural Fenosa são os interlocutores.
“É uma solução interessante e o primeiro passo da EDP. Sensibiliza-nos o facto de estar muito aberta à solução do problema”, explicou ao JN o presidente da União de Freguesias de Messegães, Valadares e Sá, Carlos Eça.
Há 40 anos, as mil famílias receberam cerca de 30 contos – €150 – pela expropriação. Só em Sessagães, cerca de 300 hectares de terrenos de cultivo foram expropriados, assim como 80 escrituras relativas a centenas de artigos rústicos e urbanos.
A aldeia de Santo Antão, onde viviam uma dezena de famílias, desapareceu. “Fomos dos últimos a ceder. Era preciso entregar a chave, demolir o telhado. Foi um desgosto para os meus pais, que viveram aqui toda a vida. Traumatizou bastante”, explicou João Assunção, hoje com 73 anos, e que na altura estava emigrado.
“As pessoas sofreram muito com isto e acho que algumas morreram por causa da pressão de se verem desenraizadas”, concluiu ao JN.
Foto: Feans / Creative Commons