Andam lobos selvagens à solta na Dinamarca
A última matilha de lobos desapareceu da Dinamarca em 1813. Napoleão governava sobre a França, a Europa estava em guerra e a Dinamarca, aliada da França, e esgotada pela guerra contra a marinha Inglesa declarava a falência do Estado. Foi há 200 anos e desde então nunca mais se tinham avistado lobos selvagens no país.
O processo começou a mudar em 2012, quando foi avistado um primeiro espécime, que teria emigrado da Alemanha e percorrido cerca de 500 quilómetros que separam a região de Schleswig-Holstein da Jutlândia, a parte continental da Dinamarca. Vários avistamentos depois, e testes de ADN às fezes confirmaram tratar-se do mesmo animal que se teria, portanto, fixado na região. Mais recentemente, os mesmos testes e vídeos das câmaras de vigilância vieram mostrar que uma fêmea lobo se tinha juntado ao macho e, como referem os cientistas, “quando um macho e uma fêmea se juntam, fazem-no apenas por um motivo: procriação”.
Para os cientistas ainda não é evidente se a fêmea já procriou – o que normalmente ocorre na primavera -, embora o facto de continuarem a ser vistos juntos, indique que não. Nesses casos geralmente o macho vai caçar sozinho.
A população de lobos europeia foi severamente atacada durante todo o século XIX. Mais recentemente, a partir de meados do século passado, os seus números começaram a recuperar com populações selvagens a restabelecerem-se em países como a França, Alemanha, Noruega e Suécia. Apesar de este ser o primeiro casal, existem já outros quatro lobos confirmados na Dinamarca, e espera-se que estas migrações vindas da Alemanha continuem a ocorrer, pelo que poderá estar para breve o surgimento de alcateias. Os cientistas preferem não divulgar a localização mais exacta de nenhum dos animais, para não perturbar o ciclo natural com curiosos e, sobretudo, não chamar a atenção das populações locais, onde se começam já a levantar vozes contra este regresso, fundamentando receios antigos sobre a reacção humana.
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