António Costa demite-se após anúncio de que é alvo de investigação nos negócios do lítio e hidrogénio verde



O primeiro-ministro, António Costa, apresentou hoje a sua demissão ao Presidente da República, depois de saber que é alvo de uma investigação autónoma do Ministério Público num inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça.

“Fui surpreendido com a informação de que já foi ou irá ser instaurado um processo-crime contra mim. Estou totalmente disponível para colaborar com a Justiça para apurar toda a verdade seja matéria que for”, disse o primeiro-ministro numa declaração ao País, sublinhando que “a dignidade das funções de primeiro-ministro não é compatível com qualquer suspeição da sua boa conduta e menos ainda com a suspeita de prática de qualquer ato criminal”.

“Obviamente, apresentei a minha demissão ao senhor Presidente da República”, sublinhou.

“No decurso das investigações surgiu, além do mais, o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do Primeiro-Ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido. Tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, por ser esse o foro competente”, lê-se numa nota hoje divulgada pela PGR.

“Em causa estão factos suscetíveis de constituir crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência”, refere a PGR em comunicado.

Está em curso esta terça-feira uma operação de buscas em vários ministérios e na residência oficial do primeiro-ministro, no Palacete de São Bento, com 140 operacionais no terreno.

Em causa estarão os negócios do lítio e de hidrogénio verde, num processo que envolve o ministro das Infraestruturas, João Galamba, o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, e o ex-ministro João Matos Fernandes, que, de acordo com o jornal Público, serão constituídos arguidos.

Foram detidos detidos o chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, um consultor próximo do primeiro-ministro, Diogo Lacerda Machado, o presidente da câmara municipal de Sines, o socialista Nuno Mascarenhas, assim como dois executivos de empresas.

O primeiro-ministro esteve cerca de meia hora reunido com Presidente da República em Belém. António Costa tinha agenda no Porto esta manhã, mas pediu para ser recebido por Marcelo Rebelo de Sousa na sequência desta operação.

O Presidente da República recebeu o primeiro-ministro a pedido deste, confirmou à agência Lusa fonte da Presidência da República”.





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