Aquecimento global. 5 países contribuíram para perdas económicas de biliões de euros
O aquecimento global é um problema para o mundo inteiro, mas cada país tem o seu peso e contributo específico. De acordo com uma análise da Faculdade de Dartmouth, existem cinco países que contribuíram, através das suas emissões de gases com efeito de estufa (GEE), para perdas económicas globais de 6 biliões de euros, entre 1990 e 2014.
Os autores avaliaram as emissões e as perdas e ganhos no Produto Interno Bruto (PIB) de 143 países, com foco no efeito da mudança das temperaturas, criando uma base científica de responsabilidade climática. Os Estados Unidos e a China são os principais emissores, tendo sido responsáveis por perdas globais superiores a 1,8 biliões de euros, cada um. A Rússia, a Índia e o Brasil contribuíram, cada um, para perdas de 500 mil milhões de euros. Durante o período em estudo, as perdas provocadas pelos cinco países equivaleram a cerca de 11% do PIB global anual. Além disso, os dez principais países emissores foram responsáveis por mais de dois terços das perdas a nível mundial.
“Os gases com efeito de estufa emitidos num país provocam o aquecimento no outro, e esse aquecimento pode deprimir o crescimento económico”, alerta o autor Justin Mankin. “Esta investigação oferece estimativas juridicamente valiosas dos danos financeiros que as nações individuais sofreram devido às atividades de mudança climática de outros países.”
O estudo revela que existe uma desigualdade na distribuição dos impactos provocados pelos emissores. Os países que mais sofrem perdas económicas são mais quentes e mais pobres que a média, e estão localizados nos Trópicos e no Sul Global. Os que são mais beneficiados com as mudanças têm climas mais frios e são mais ricos que a média, localizando-se nas no Norte Global e nas latitudes médias. As consequências podem ir desde as perdas agrícolas, à diminuição da produtividade do trabalho.
“Pela primeira vez conseguimos mostrar ligações claras e estatisticamente significativas entre as emissões de países específicos e as perdas económicas históricas sofridas por outros. Trata-se da culpabilidade de um país para outro país, não do efeito do aquecimento global geral num país”, explica o investigador Christopher Callahan. “As nações precisam de trabalhar juntas para parar o aquecimento, mas isso não significa os que países não possam tomar ações individualmente que impulsionem a mudança. Esta investigação acaba com a ideia de que as causas e os impactos do aquecimento ocorrem apenas a nível global”, sublinha.
O artigo foi publicado na revista Climatic Change.