Árvores nas terras áridas de África armazenam quase mil milhões de toneladas de carbono



Quando pensamos nas florestas enquanto sumidouros de carbono, não é invulgar que a primeira imagem que nos vem à cabeça sejam as luxuriantes florestas húmidas, repletas de vegetação verdejante e densa. No entanto, também nas terras áridas ocorre uma captação significativa de carbono por parte das árvores que pontilham esses habitats secos.

Um estudo divulgado no início de março na revista ‘Nature’, e que reuniu dezenas de investigadores de vários países, recorreu a imagens da satélite da NASA e a inteligência artificial para mapear aproximadamente 10 mil milhões de árvores em terras áridas em África. O objetivo era medir a quantidade de carbono armazenado fora das florestas tropicais do continente, sobretudo nas regiões do Sahara, do Sahel e do Sudão.

Os cientistas perceberam que existem muito mais árvores nessas regiões semiáridas do que se pensava, armazenando, no seu conjunto, perto de mil milhões de toneladas de carbono. E argumentam que saber, ainda que por aproximação, a quantidade de carbono absorvida pelas árvores é essencial para prever a progressão das alterações climáticas.

Devido ao espaçamento entre as árvores em áreas mais áridas, contrariamente ao que se observa nas densas florestas tropicais, tem sido difícil estimar a quantidade de carbono captado nessas zonas.

O carbono está em constante ‘movimento’, entre o solo, a atmosfera e o oceano. As árvores absorvem o dióxido carbono do ar através da fotossíntese, o processo através do qual as plantas usam o carbono na produção de energia, da qual dependem para sobreviver. Ao fazê-lo, armazenam o carbono nas suas raízes, trocos, ramos e folhas, e, por isso, são importantes aliados no combate às alterações climáticas, ajudando a reduzir a quantidade de gases com efeito de estufa na atmosfera.

Os investigadores dizem que este é o primeiro estudo a estimar com precisão o número de árvores existentes nas zonas áridas africanas e, consequentemente, a calcular a quantidade de carbono que armazenam. Estudos anteriores, argumentam, têm frequentemente sobrestimado a captação de carbono nas terras áridas, por não terem como base um mapeamento preciso da quantidade de árvores existentes nesses locais.

“As árvores das zonas áridas não são apenas sumidouros de carbono, mas também fornecem serviços de ecossistema que são valiosos para o ambiente e para suportar comunidades locais”, escrevem os autores, providenciando materiais de construção, combustível para aquecimento, zonas de sombra, alimentos e proteção contra a erosão dos solos. E apontam que as árvores nessas regiões têm merecido menor atenção do que as florestas mais vastas que cobrem as zonas tropicais mais húmidas.

Por isso, destacam que este estudo se reveste de uma grande relevância para uma melhor gestão da flora nas zonas áridas, para que possa ser possível preservar e promover o crescimento de árvores com maior potencial de captura de carbono e para ajudar a tornar mais precisos os modelos climáticos.





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