As casas abandonadas de Aleppo, o retrato inanimado da revolução (com FOTOS)



Desde Janeiro de 2011 que a Síria vive uma guerra civil despoletada entre os defensores do regime de Bashar al-Assad e os rebeldes que exigem a demissão do presidente. A guerra civil na Síria está inserida na Primavera Árabe. Estima-se que os violentos confrontos que assolam o país tenham já causado a morte a mais de 100 mil pessoas.

Porém, nem só de mortes se faz uma guerra. A destruição é inerente e os conflitos na Síria causaram a destruição parcial ou total de várias cidades, obrigando milhares de sírios a deixar as suas habitações e os seus bens para trás.

Foi exactamente a retractar este lado da guerra que se dedicou o fotógrafo italiano Matteo Rovella quando esteve na cidade de Aleppo em Junho do último ano. Através da sua lente, Matteo Rovella revela as casas que outrora abrigaram famílias e que agora estão parcialmente destruídas, revelando o rasto de vida que foi deixado para trás.

“Vêm-se muitos cenários e consegue-se imaginar o momento em que as pessoas tiveram de fugir das casas”, afirma o fotojornalista à CNN. Durante a estadia na Síria, Rovella visitou vários campos de ambos os lados da fronteira entre a Síria e a Turquia no início de 2013. Em Junho do último ano, o fotojornalista decidiu ir para Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, que foi fortemente devastada pelo conflito.

A estadia na cidade revelou-se bastante perigosa e o receio de ser descoberto ou capturado por grupos armados era constante. O simples facto de transportar uma câmara fotográfica tornou-se perigoso, especialmente depois de vários jornalistas estrangeiros terem sido sequestrados. “Existem muitos grupos armados independentes que podem roubar, raptar ou, no pior cenário, matar”, conta Rovella.

Poucos dias depois de ter chegado a Alepppo, o fotojornalista começou a documentar a devastação da cidade através de uma série de imagens evocativas de habitações abandonadas e destruídas, que foram atacadas ao longo dos confrontos. A maioria das pessoas que Rovella conheceu durante a estadia na Síria perdeu a totalidade ou quase todos os seus bens.

“É uma espécie de fotografia quase com vida, mas consegue-se ver as tensões e os medos no interior das casas, os momentos de violência, a forma como foram obrigados a deixar as suas coisas, a sua vida e fugir, provavelmente para nunca mais voltar”, explica o fotógrafo. “É uma forma de sensibilizar as pessoas para a guerra”, indica. “Penso que o meu testemunho pode ser um pequeno passo para ajudar os sírios”, acrescenta.

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