As ruas precisam de se adaptar aos idosos
Falamos regularmente do ritmo acelerado da vida na cidade, mas o tema ganha uma dimensão muito mais rápida se pensarmos nos idosos. Quanto mais velhos, mais lentos ficamos – e tudo em volta continua a correr. A velocidade padrão instituída para os sinais verdes nas passadeiras, por exemplo, nem sempre é a suficiente para que um octogenário consiga atravessar a rua.
A verdade é que a maioria dos lugares são desapropriados para receber os idosos. As passadeiras são apenas parte de um problema profundamente enraizado composto por parcelas em que a maioria de nós raramente pensa – a existência, ou não, de um banco para recuperar o fôlego ou de um passeio que permita subir de andarilho.
As cidades precisam de se adaptar com urgência ao envelhecimento populacional – mesmo coincidindo o fenómeno com a pior altura para financiar essas alterações urbanísticas. Mas aproximar as cidades dos idosos é uma necessidade, cada vez mais.
Grande parte do grito de guerra das comunidades amigas dos idosos centra-se na noção de design universal – e a sua filosofia de “ruas completas” – que defende que tudo o que é melhor para os menos ágeis é o melhor para todos os cidadãos. Passeios inclinados facilitadores da circulação com andarilhos depressa favorecem quem usa cadeiras de rodas ou carrinhos de criança, por exemplo.
O mesmo se aplica a paragens de autocarro, ruas arborizadas, bancos nas ruas, entradas de metropolitano bem iluminadas e sinais de trânsito mais claros.
Os investigadores do AgeLAb têm hoje um entendimento muito mais forte a respeito da locomoção dos mais velhos e do que eles podem precisar. O seu AGNES (Age Gain Now Empathy System) permite a qualquer jovem na casa dos 20 anos sentir a perda de mobilidade, força e visão de alguém perto dos 75 anos. A experiência ajuda a perceber quais são as necessidades de intervenção mais urgentes no espaço público.
Locais sem passeios e onde é difícil circular sem ser de carro podem facilmente tornar-se em espaços inacessíveis aos idosos que já não conduzem – são possivelmente aqueles onde as atenções mais devem incidir. Mas antes de serem criadas as infra-estruturas adequadas a uma população cada vez mais envelhecida – isto se forem criadas –, muitas pessoas vão ainda padecer em cidades onde se passam décadas a criar comunidades que só conseguem circular de automóvel. No depois, na velhice, todos se esquecem de pensar.