Associação ambiental dos Açores quer mais articulação do Governo Regional na defesa da vegetação
A Associação para a Promoção e Proteção Ambiental dos Açores (APPAA) propôs hoje uma articulação “mais eficaz” entre os vários departamentos governamentais, visando a “expansão” da vegetação nativa da região.
Na sequência do Dia da Floresta Autóctone, que começou a ser assinalado em Espanha em 23 de novembro, a associação ambiental propõe “uma articulação mais eficaz entre os vários departamentos governamentais, nomeadamente os dependentes das secretarias regionais da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, do Ambiente e Alterações Climáticas e a do Mar e das Pescas, responsáveis pela gestão de território abrangido, pela necessidade de implementar a expansão da vegetação nativa”.
A APPAA, em nota de imprensa, refere que a floresta de laurissilva, que “cobria a totalidade dos territórios das ilhas, constitui hoje uma parte residual do que se considera floresta e que corresponde a cerca de 20% de ocupação desse território”.
“Erradamente é considerada floresta a parte de território ocupada por matas de uma determinada espécie, predominantemente de criptoméria. Deste modo, a APPAA reforça a proposta anteriormente defendida de criação de ‘corredores verdes’ em todas as ilhas”, indica a associação.
A associação apoia “a intenção expressa pelo secretário regional da Agricultura e do Desenvolvimento Rural que visa a ‘transformação de áreas de pastagem degradadas’, nomeadamente nas ilhas de São Miguel e da Terceira, e o rejuvenescimento das matas de criptomérias, procedendo parcialmente à sua substituição, maioritariamente por espécies autóctones, mantendo o projeto iniciado em 2014”.
A APPAA recorda que a floresta de laurissilva “é importante para a defesa da biodiversidade, para a retenção da água que alimenta os aquíferos subterrâneos e as linhas de água”, bem como “previne a ocorrência de enxurradas e a erosão dos solos” e “contribui também para o importante sequestro de carbono, necessário para o combate às alterações climáticas”.
Para a associação ambiental, a criação de plantas nativas e endémicas e a sua distribuição e plantação “tem que respeitar um plano de gestão e a otimização do crescimento da área da floresta autóctone, que não se limita à zona de montanha, abrangendo igualmente as áreas marítimas que necessitam de repovoamento por plantas nativas do litoral”.
“Encontramo-nos numa altura essencial para que, por exemplo, e para cumprimento daquele objetivo, seja expandido o Jardim Botânico do Faial, criado em 1986, com a intenção de ser o Jardim Botânico dos Açores, com polos nas diversas ilhas”, defendem os ambientalistas.
Naquele espaço foi criado um banco de sementes de espécies endémicas, “algumas com características genéticas diferentes, de acordo com as suas origens em locais diversos das diversas ilhas”, sendo que “a recolha de sementes, a criação e plantação em cada ilha de espécies nativas, muitas delas endémicas, deve obedecer a uma distribuição territorial criteriosa”, recorda a associação.
A APPAA defende ainda a formação do pessoal das entidades públicas regionais e locais, de modo a “obter-se uma atuação de acordo com a defesa das plantas nativas, o combate às plantas invasoras e o melhoramento da gestão do território, nomeadamente o que está destinado à utilização como espaços de recreio e lazer e os trilhos pedestres”.