Ativista quer que Governo de Macau publique “estudo confidencial” sobre zona ecológica



Um ambientalista de Macau, que entregou hoje uma petição contra a criação de uma ilha para depósito de lixo, quer que o Governo torne público um relatório científico sobre a vida marinha na área.

Um estudo sobre golfinhos brancos nas águas de Macau, conduzido pelas autoridades do território e a Universidade de Zhongshan, na província de Guangdong, em 2018, atesta a existência destes mamíferos numa zona onde agora o Governo está a estudar a criação da chamada ilha ecológica, disse à Lusa o ambientalista Joe Chan Chon Meng.

“Mantiveram alguma investigação confidencial, não a publicaram e consideramos inaceitável. Propõem algo, mas não há transparência (…) nós também recebemos o relatório, mas eles [Governo] não nos deixam divulgar junto do público, precisamos de autorização”, lamentou o líder da associação Green Students Union.

Num documento que esteve em consulta pública entre 29 de dezembro e a semana passada, com os planos para a gestão das áreas marítimas de Macau, as autoridades referem que, com o contínuo desenvolvimento do território, “haverá uma quantidade significativa de resíduos de construção que precisam de ser aterrados”.

A “ilha ecológica”, a sul de Coloane, vai resolver “efetivamente o problema de disposição de resíduos urbanos”, afirma-se no documento.

Mas Joe Chan, que lançou uma petição contra a construção desta ilha, defendeu que há falta de “provas, dados científicos ou investigação que sustentem a ideia”. Sem esses dados nem o “estudo confidencial” de 2018, o ambientalista acredita que a população não está devidamente informada sobre o que está em causa.

“Dizem que não há golfinhos na área, que não vai ter impacto marítimo. É completamente falso. Não só académicos de Macau mas também biólogos marinhos de Hong Kong fizeram investigação (…) naquela área aparecem muitos golfinhos brancos e este é um dos seus principais habitats”, assegura.

A Lusa pediu um comentário ao Instituto para os Assuntos Municipais, do Governo de Macau, mas não obteve uma resposta até ao momento.

Ao Canal Macau da Teledifusão de Macau (TDM), o diretor dos Serviços de Proteção Ambiental, Raymond Tam Vai Man, disse no final de janeiro que um estudo de impacto ambiental feito pelas autoridades concluiu que “os golfinhos brancos chineses reúnem-se sobretudo a sul do final da pista do aeroporto e não na área onde vai ficar a zona ecológica”.

De acordo com a emissora pública, o Governo já anunciou que os estudos sobre o impacto ambiental e na navegação vão ser entregues ainda este ano ao Governo central chinês.

Antes disso, apelou Joe Chan, deve ser realizada uma nova consulta pública “em que haja acesso a toda a informação” para “uma solução científica”.

A petição entregue hoje na sede do Governo de Macau ultrapassou as 1.600 assinaturas e é, segundo o responsável, o último ato desta campanha contra a zona ecológica.

“Queremos apenas chamar a atenção das pessoas e que o Governo veja que na verdade há algumas pessoas que estão realmente atentas às suas ações e que também tomam medidas para tentar defender a natureza”, referiu.





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