Ativista quer ver Praia uma cidade mais verde com 600 árvores frutíferas por ano



O desejo de ajudar no combate às alterações climáticas levou o ativista ambiental cabo-verdiano Emileno Ortet a criar um projeto para plantar 600 mudas frutíferas na Praia por ano, transformando a capital do país numa cidade mais verde.

“Desde pequeno que tenho contacto direto com a natureza porque vim de uma família de agricultores”, diz à Lusa Emileno Ortet, que é também agente da Polícia Nacional de Cabo Verde, para explicar as motivações para criar o projeto Praia Cidade Verde, em finais de 2018.

O objetivo é transformar a capital de Cabo Verde numa cidade mais verde, limpa e sustentável, mas também ajudar no combate às alterações climáticas, à desertificação, à fome e à pobreza.

Para isso, a meta é plantar 50 mudas frutíferas mensais, perfazendo um total de 600 em um ano, em todas as zonas da cidade da Praia, mas também nas escolas, em parceria com a empresa Agrofloresta, de Rui Vaz, no concelho de São Domingos.

As plantações começaram nas ruas do bairro de Achadinha, de onde o promotor é natural, mas estendem-se às escolas, sendo a última na escola primária Capelinha, em Tira Chapéu, num dos bairros mais problemáticos a nível social da Praia, mas também com algumas crianças com necessidades especiais, em que o objetivo é arranjar-lhes uma ocupação.

“O correto é começar nas escolas, porque se queremos ter mudanças temos de ter contacto direto com as nossas crianças, jovens e adolescentes. Ao verem na prática como se cultiva, vão ganhar uma responsabilidade e um pouco de amor”, salienta Ortet, proprietário de um viveiro onde produz as mudas, mas também faz recolha de sementes junto de amigos e conhecidos.

“Porque, cada planta, ao crescer, as famílias que a tem na sua porta irão beneficiar das frutas, vai ficar como uma moeda de troca, ou então satisfazer as suas necessidades, comer”, prevê o ativista em entrevista à Lusa, indicando que entre as frutas que vão ser posteriormente recolhidas estão manga, pitanga, goiaba, pinha ou abacate.

Outro parceiro do projeto é a empresa Vista Verde Tours, que se ocupa do turismo rural e sustentável, turismo de montanha e turismo comunitário, envolvendo os turistas que visitam Cabo Verde.

“Então lancei-lhes o desafio, para cada turista que vier a Cabo Verde plantar uma árvore”, refere o mesmo responsável, indicando que o desejo é envolver empresas, instituições, artistas e outros ativistas sociais para apadrinhar bairros ou escolas da capital com plantas fruteiras.

Até porque outro objetivo, diz, é aumentar a capacidade de plantação, chegando a outras zonas de Santiago e, quiçá, a outras ilhas de Cabo Verde, envolvendo sobretudo os turistas que procuram o país para além do sol e praia.

“Essa é a ideia, não virem para Cabo Verde só para curtir a morabeza [a arte de bem receber], mas contribuir para algo importante que é a sustentabilidade, ajudar-nos também nessa luta, dar esse contributo e deixar uma marca”, salienta o promotor da iniciativa, antes de receber um grupo de turistas alemãs, que, juntamente com as crianças, plantaram árvores para se juntarem às já existentes no horto escolar de Capelinha, que já tem bananeiras e papaieiras.

Uma das turistas foi Ulrike Vollmer, que na sua primeira vez em Cabo Verde, já começou a dar o seu contributo, e plantando com toda a naturalidade, tal como faz no jardim que tem na Alemanha, onde também colhe frutas e vegetais.

“Se estiver stressada, vou para o meu jardim para relaxar, gosto muito. E também para tirar alguma coisa para comer, é muito agradável para mim”, descreve a turista alemã, que dá nota positiva ao projeto Cidade Verde, referindo que é o que todos devem fazer para “salvar o nosso planeta”.

“Plantar árvores e outras plantas, as nossas populações têm essa ideia de salvar o nosso planeta e estou muito contente por saber que isso acontece também aqui”, afirma, salientando a importância de continuar projetos do género durante todo ano.

“Para mim, é muito importante saber, e gosto muito, que nós, da Alemanha, possamos plantar árvores aqui, em Cabo Verde. É uma grande ideia e é muito importante que continue”, deseja Ulrike Vollmer, que, juntamente com os restantes turistas, prometeu ajudar o projeto.





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