Aumento do nível do mar vai levar ao abandono gradual das cidades costeiras



O nível médio do mar está a aumentar a uma velocidade nunca antes vista nos últimos 28 séculos, sobretudo devido ao aquecimento global provocado pelas emissões de gases com efeito de estufa com mão humana.

Segundo um estudo desenvolvido por Benjamim H. Strauss, em colaboração com o Postdam Institute for Climate Impact Research, se as emissões continuarem a crescer a esta velocidade, nas próximas décadas, o nível médio do mar subirá entre 0,90 centímetros a 1,2 metros até 2100.

Esta situação, inevitavelmente, obrigará a que a civilização abandone muitas das cidades costeiras do globo.

Segundo o estudo, a queima de combustíveis fósseis é a principal causadora do aumento do nível médio do mar. Se as emissões de gases com efeito de estufa provocadas pelo Homem não existissem, a superfície do Oceano estaria a subir menos rapidamente – ou, eventualmente, até a decrescer.

Nos Estados Unidos, conta o The New York Times, locais como Miami Beach (Florida, na foto), Charleston (Carolina do Sul) e Norfolk (Virgínia) têm inundações constantes, mesmo em dias de Sol. “Temos de encontrar uma nova forma de pensar nas inundações costeiras. Não é a maré. Não é o vento. Somos nós. E isto é verdade para a maioria das inundações costeiras que estamos a sofrer”, explicou Benjamim Strauss.

O aumento do nível do mar contribui, numa pequena parte, para as gigantescas e destruidores tempestades que acompanham furacões como o Katrina ou Sandy. Mas tem um efeito maior nas inundações. Na verdade, a mudança na frequência das mares é assustadora. De 1955 a 1964, foram medidos 32 dias de inundações em Annapolis, no estado norte-americano de Maryland. De 2005 para 2014, este número subiu para os 394 dias.

Em Charleston, Carolina do Sul, os dias de inundações subiram de 34, na década anterior, para 219, na mais recente. E em Key West, Florida, a última década teve 32 dias de inundações. Na anterior: zero.

Em Portugal, o tema das cheias e inundações é recorrente e alarmante. Segundo o projecto Change, desenvolvido por investigadores do Instituto de Ciências Sociais e da Faculdade de Ciências de Universidade de Coimbra – e coordenado por Luísa Schmidt – as praias de Aveiro são as que estão expostas ao maior risco.

Com a ria de um lado e a o mar do outro, a zona entre a Praia da Barra e a Praia de Mira (mais a sul da Vagueira) é das “mais vulneráveis [a inundações pelo mar] a nível europeu”, como salientou Luísa Schmidt durante a apresentação do estudo. A zona a norte da Praia da Barra também corre grande risco, mas menor que a sul, já que as Dunas da Reserva Natural de São Jacinto ajudam a evitar os efeitos da erosão.

Entretanto, também a Universidade de Coimbra está a estudar, desde o Verão, o tema das cheias urbanas. Recorde ainda o mapa dos países mais vulneráveis às alterações climáticas.

Foto: Ricardo Mangual Photography (Thanks to all the fan / Creative Commons





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