Austrália rejeita mina de carvão por ameaçar Grande Barreira de Coral. Conservacionistas clamam ‘vitória’



A ministra do Ambiente e da Água da Austrália informou esta terça-feira, dia 8, que o governo decidiu rejeitar um projeto para instalar uma exploração mineira de carvão, na região central do estado de Queensland.

Num vídeo publicado no Twitter, Tanya Plibersek explica que o projeto Central Queensland Coal Mine, depois de ter sido submetido a consulta pública, foi afastado por representar “impactos ambientais adversos” para a Grande Barreira de Coral, que corre por mais de dois mil quilómetros ao largo da costa de Queensland e é o local que alberga mais recifes de coral de todo o mundo.

A governante afirma que “o risco de poluição e de danos irreversíveis sobre o recife é bastante real” e que o projeto, que contemplava uma mina a céu aberto a menos de 10 km da Grande Barreira de Coral, teria “impactos inaceitáveis” sobre os aquíferos de água doce na zona e sobre as pradarias de ervas marinhas essenciais para a alimentação e sobrevivência das populações de dugongos e que servem de local de reprodução para diversas espécies de peixes. Além disso, a Grande Barreira de Coral está classificada como património mundial pela UNESCO.

Durante o processo de consulta pública, o Ministério do Ambiente e da Água da Austrália recebeu, em apenas 10 dias úteis, cerca de nove mil contributos, dos quais se estima que 98% tenham defendido a rejeição do projeto devido aos potenciais impactos ambientais.

É a primeira vez que um projeto para uma mina de carvão é rejeitado na Austrália ao abrigo da lei ambiental nacional.

Em agosto de 2022, Tanya Plibersek tinha já anunciado a sua posição de oposição ao projeto da Central Queensland Coal Mine, alegando que os impactos da mina sobre a Grande Barreira de Coral seriam “inaceitáveis”.

Conservacionistas aplaudem decisão do governo australiano

Em reação ao pronunciamento da ministra do Ambiente, Jaclyn McCosker, da organização não-governamental Australian Conservation Foundation, afirmou, em comunicado, que “esta é uma excelente decisão por parte de Tanya Plibersek e a primeira vez que um ministro do Ambiente federal rejeita uma mina de carvão ao abrigo da lei ambiental da Austrália”.

A ambientalista assinala que “esta é uma vitória” para todos os que defendem a Grande Barreira de Coral, o clima e “as indústrias locais que dependem de um recife saudável”, apontando que a concretização do projeto “seria um desastre climático e natural”.

“A poluição gerada pela mina teria prejudicado habitats locais, incluindo os locais de nidificação das tartarugas nas praias e as pradarias marinhas necessárias aos dugongos”, observa Jaclyn McCosker, que sublinha que a mina tinha capacidade para extrair 18 milhões de toneladas de carvão por ano para uso interno e para exportação, “alimentando cheias, secas e ondas de calor marinhas que branqueiam os recifes de coral”.

“Na terceira década do século XXI, não podemos simplesmente aprovar novas minas de carvão”, alerta.

Por sua vez, Christine Carlisle, presidente do Conselho Ambiental de Queensland Central, afirma que todo do carvão e gás deve continuar retido no solo, pois só assim será possível proteger “milhares de icónicos animais, plantas e maravilhas”, que serão poupados às mais de mil milhões de toneladas de emissões de gases com efeito de estufa que seriam geradas, direta ou indiretamente, pela Central Queensland Coal Mine.

Embora reconheça que a decisão tomada pelo governo australiano neste caso é a mais acertada, a organização avisa que existem muitos outros projetos que estão em consideração e que têm impactos igualmente danosos para o ambiente, pelo que apela à ministra que adote uma decisão semelhante em nome da preservação da natureza.





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