Autorizações de centrais a carvão caem na China após aumento alarmante em 2022-2023



As autorizações para a construção de novas centrais elétricas alimentadas a carvão na China caíram drasticamente no primeiro semestre deste ano, segundo uma análise divulgada hoje, após uma enxurrada de licenciamentos nos dois anos anteriores ter suscitado preocupações.

Num relatório hoje publicado, a organização não-governamental (ONG) Greenpeace referiu que analisou os documentos relativos aos projetos e concluiu que, entre janeiro e junho, foram aprovadas 14 novas centrais a carvão, com uma capacidade total de 10,3 gigawatts, o que representa uma redução de 80% em relação aos 50,4 gigawatts do primeiro semestre do ano passado.

As autoridades chinesas aprovaram 90,7 gigawatts em 2022 e 106,4 gigawatts em 2023, um aumento que alarmou os especialistas em assuntos do clima.

A China é líder mundial em instalações de energia solar e eólica, mas o Governo de Pequim afirmou que as centrais a carvão continuam a ser necessárias para os períodos de pico de procura, porque a energia eólica e solar são menos fiáveis.

Embora a rede do país dê prioridade a fontes de energia mais ecológicas, os especialistas receiam que não seja fácil para a China abandonar o carvão quando a nova capacidade for construída.

“É possível que estejamos a assistir a um ponto de viragem”, afirmou Gao Yuhe, chefe da Greenpeace para a Ásia Oriental, citado num comunicado.

“Há uma questão que se mantém. Estarão as províncias chinesas a abrandar as aprovações de centrais alimentadas a carvão por já terem aprovado tantos projetos a carvão ou serão estes os últimos suspiros da energia produzida à base da queima de carvão numa transição energética que tem visto o carvão tornar-se cada vez mais impraticável? Só o tempo o poderá dizer”, observou.

A Greenpeace publicou a análise em conjunto com o Instituto de Estudos Internacionais de Xangai, um grupo de reflexão (‘think tank’) com ligações ao Governo.

Nos últimos meses, Pequim publicou uma série de documentos sobre a redução das emissões de carbono e a aceleração da transição para as energias renováveis.

Em junho, a Administração Nacional de Energia revelou um plano de três anos para reequipar as unidades de produção de energia a carvão existentes e equipar as novas unidades com tecnologias de baixo teor de carbono.

Outro plano governamental, lançado este mês para “acelerar a construção de um novo sistema de energia”, visava os estrangulamentos e outros desafios, incluindo a forma de expandir o transporte de energias renováveis.

A China também está a considerar a energia nuclear para cumprir os seus objetivos de redução das emissões de carbono.

Na segunda-feira, o Conselho de Estado (executivo) chinês aprovou a construção de cinco novos projetos nucleares com um total de onze reatores e um investimento que, segundo a imprensa chinesa, rondará os 220 mil milhões de yuan (28 mil milhões de euros).





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