Aves canoras ensinam e comunicam com os ninhegos antes de nascerem
Cantar uma canção de embalar lentamente pode ajudar a adormecer um bebé humano, mas a sua utilidade nos ninhos de pássaros canoros australianos, que balançam nas pastagens baixas, leva o “canto” materno a níveis ainda mais elevados.
Os ecologistas de aves de todo o mundo, incluindo a Universidade de Viena e a Universidade de Flinders, demonstraram que o chamamento caraterístico de uma mãe carriça nativa australiana para os seus ovos ajuda a dar ao seu recém-nascido um chamamento distinto para a comida – ajudando estas espécies de carriças a criar laços e a preparar as suas crias para o mundo real.
Segundo um novo estudo, ao chamar por eles no ovo, os filhotes respondem favoravelmente à vocalização do “elemento B” da mãe.
Os chamamentos individuais especiais das gralhas-de-bico-vermelho (Malarus cyaneus) parecem “ensinar” aos seus filhotes por nascer o tipo de chamamento distinto da família, tanto dentro do ovo como ao emergirem no ninho, afirma a Professora Sonia Kleindorfer, da Universidade de Flinders e da Universidade de Viena, que fundou o Flinders University BirdLab há 20 anos.
O estudo dos carriços (família de aves canoras Maluridae) foi efetuado por cientistas da Universidade de Flinders na Austrália do Sul, no estudo do Cleland Conservation Park, com a ajuda do Departamento do Ambiente e da Água.
“Em oito espécies de carriças e gralhas, as fêmeas produzem um elemento B para os seus embriões que é o elemento de assinatura da mãe e único para cada fêmea. Este elemento B é também o grito de pedido do filhote produzido pouco depois da eclosão”, explica o Professor Kleindorfer.
“Neste estudo, mostramos que as fêmeas mães de aves canoras produzem um elemento de assinatura vocal para os seus embriões que é mais tarde produzido pelos seus filhotes como um chamamento de súplica. Os filhotes produzem chamadas com maior semelhança de cópia vocal entre a chamada de assinatura da mãe e a chamada de súplica quando as mães chamam lentamente o embrião”, acrescenta.
A Professora Sonia Kleindorfer e Diane Colombelli-Négrel, da Universidade de Flinders, afirmam que os estudos alargados da investigação do BirdLab estão a dar novos conhecimentos sobre o extraordinário comportamento de vocalização das fêmeas das aves canoras australianas, que há muito tem sido ignorado.
“Os chamamentos de mendicidade dos filhotes assemelham-se às assinaturas vocais maternas quando as mães chamam lentamente os embriões”, afirma Colombelli-Négrel.
“Neste estudo, mostramos um comportamento maternal que é concordante com o comportamento de vocalização dirigido à pupila quando as mães chamam os seus embriões. As mães com uma taxa de chamada lenta tiveram descendentes com uma aprendizagem melhorada (maior semelhança de cópia vocal) de uma vocalização experimentada in ovo”, acrescenta, sublinhando que, em cada espécie, outros tipos de elementos, para além do elemento B, foram também produzidos pelas mães que chamavam os seus embriões. “O nosso próximo artigo pergunta: porquê também estes outros tipos de elementos? (afinal, para reduzir o risco de habituação ao elemento B)”.