Aves foram “principais responsáveis” pela propagação de plantas em ilha na Islândia
As aves foram as “principais responsáveis” pela propagação das plantas na ilha de Surtsey, na Islândia, informou na terça-feira a Estação Biológica de Doñana (sigla, em espanhol EBD-CSIC), um instituto de investigação espanhol.
“As gaivotas, os gansos e as aves limícolas (que habitam áreas húmidas) foram os principais responsáveis por trazer sementes para a ilha, transportando-as nos seus sistemas digestivos ou fezes, estabelecendo as bases para o desenvolvimento do ecossistema de Surtsey”, refere o artigo da EFE sobre o estudo.
A descoberta contrariou a crença de décadas de que as plantas chegavam a lugares distantes porque tinham frutos que atraíam aves, que comiam e espalhavam as sementes, segundo os investigadores da Islândia, da Hungria e de Espanha que realizaram o estudo.
A equipa científica descobriu que a maioria das 78 espécies de plantas vasculares que colonizaram Surtsey desde 1965 não possuem as características tradicionalmente associadas à dispersão a longa distância
Os investigadores referiram que as aves foram pioneiras no transporte de sementes para a região.
“Estes resultados rompem com os pressupostos tradicionais sobre a colonização das plantas e mostram que, para compreender como a vida se espalha e como responde às mudanças ambientais, precisamos de estudar as interações entre plantas e animais”, indicou um dos investigadores do estudo Pawel Wasowicz.
Para os especialistas, os animais, sobretudo as aves, são essenciais para a adaptação das plantas a novos ambientes.
“À medida que as rotas migratórias mudam com o aquecimento global, as aves desempenharão um papel fundamental para ajudar as plantas a moverem-se e a adaptarem-se a novos ambientes”, indicou o investigador e coator da investigação Andy Green, da EBD-CSIC.
O estudo sublinhou a importância de Surtsey como um laboratório natural onde a comunidade científica pode observar os processos “fundamentais da vida”, sendo estes a forma como os ecossistemas surgem, evoluem e respondem às alterações ambientais.
Os investigadores exigiram o desenvolvimento de novos modelos de ecossistemas, sendo que são uma forma de simular comportamentos na natureza.
Para os autores do estudo, os modelos devem estudar as características das sementes ou as classificações taxonómicas (um sistema hierárquico para organizar e classificar os seres vivos), mas as interações biológicas, ou seja, a influência que as plantas e os animais têm entre si também têm ser analisadas.