BEI concede empréstimo de €100 milhões à EGF para financiar investimento na gestão de resíduos urbanos em Portugal
O Banco Europeu de Investimento (BEI) concedeu um empréstimo de 100 milhões de euros à EGF, empresa responsável pelo tratamento e valorização de resíduos urbanos em 174 municípios e que representa cerca de 60 % da população portuguesa, para apoiar projetos de gestão de resíduos no país. O acordo de empréstimo foi ratificado hoje, em Lisboa.
O financiamento concedido permitirá aumentar e melhorar a recolha seletiva de resíduos urbanos e modernizar os centros de triagem e de valorização orgânica. O acordo está fortemente alinhado com o objetivo do BEI de apoiar a ação climática e a sustentabilidade ambiental, além de contribuir para assegurar a conformidade com a regulamentação nacional e da UE em matéria de gestão de resíduos, promovendo uma economia mais circular. Ajudará também a cumprir as metas do recém-anunciado Plano Estratégico Nacional para os Resíduos Urbanos (PERSU 2030). Além disso, uma parte significativa do financiamento autorizado terá benefício em regiões de coesão.
“O financiamento contratado representa o reconhecimento da mais-valia do plano de investimentos e da capacidade de execução das concessionárias da EGF, de forma darmos o nosso contributo para cumprir os compromissos e metas ambientais estabelecidas para o país”, disse Emídio Pinheiro, presidente do Conselho de Administração da EGF, durante a apresentação do acordo, sublinhando que “é um momento de grande alegria”.
Questionado sobre o tipo de gestão de resíduos que podem vir a ser apoiados, o CEO da EGF explicou que “a generalidade dos investimentos que estão em causa neste pacote estão dirigidas ao departamento de biorresíduos por causa do défice que temos no atraso na recolha dos mesmos”, acrescentando que “temos também projetos na economia circular”. Além dos 100 milhões de euros para a EGF proceder à gestão de resíduos em Portugal no período 2022-2024, acrescem de 28,6 milhões de euros no âmbito do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos e 71,4 milhões de euros através de outras fontes de financiamento, num plano de investimentos de 202 milhões de euros.
Emídio Pinheiro acrescentou que “temos uma visão industrial e financeira, mas, na verdade, trabalhamos para os cidadãos e é através deles que vamos atingir as metas. Portanto, há aqui um trabalho enorme para fazer. É preciso que os cidadãos adotem comportamentos adequados com um mundo de sonho”.
Já Ricardo Mourinho Félix, vice-presidente do BEI, sublinhou que “a garantia de elevados níveis de qualidade e sustentabilidade na gestão de resíduos urbanos é crucial, não só para salvaguardar a saúde pública e proteger o ambiente, mas também para promover a eficiência na utilização dos recursos e a economia circular. Trata-se de uma área prioritária para o BEI, como demonstra o apoio contínuo prestado ao setor em Portugal, através da concessão de financiamento a longo prazo e da prestação de assistência técnica a projetos públicos e privados de gestão de resíduos que contribuem para a sua modernização”.
O responsável acrescentou que o BEI “é um dos líderes no investimento em sustentabilidade ambiental”, que “assumiu o compromisso de aumentar o investimento verde2 e a prioridade “é contribuir para uma economia circular incluindo os serviços de gestão de resíduos que são cruciais para proteger a saúde pública e o meio ambiente”.
“Por isso, todos os projetos que financiamos olhamos para a componente ambiental”, garantiu.
Questionado sobre mais investimentos, Ricardo Mourinho Félix garantiu que “vai, seguramente, haver mais investimentos BEI”, porque os 27 Estados-membros têm de atingir a meta de 10% dos resíduos urbanos em aterros sanitários e Portugal registou uma taxa deposição de resíduos urbanos em aterro, de 53%, em 2021. “E para passar de 50% para 10%, é preciso investir”.
BEI contribuiu com 700 milhões desde 1987 para uma atividade de gestão de resíduos mais sustentável no País
O apoio do BEI à gestão sustentável de resíduos em Portugal “tem sido crucial para o reforço e modernização do setor no país”. Este é o terceiro empréstimo concedido à EGF. Entre 2019 e 2021, o BEI disponibilizou 75 milhões de euros à EGF, facilitando a construção de novas unidades de valorização de resíduos em todo o país. Nos últimos anos, o BEI comprometeu-se a financiar a implementação da recolha seletiva e de novos processos de valorização de resíduos, bem como para a implantação de novas tecnologias industriais e de instalações mais modernas.
Segundo as estimativas do BEI, o valor global afetado ao setor em Portugal desde 1987 está perto de 700 milhões de euros, tendo contribuído para uma atividade de gestão de resíduos mais sustentável no país e para a qualidade de vida dos seus cidadãos.
A EGF é uma empresa europeia de referência no setor ambiental e líder no tratamento e na valorização de resíduos em Portugal. É responsável por assegurar o tratamento e a valorização de resíduos, da forma ambientalmente mais correta e economicamente sustentável, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e do ambiente.
A gestão dos sistemas de tratamento e valorização de resíduos é feita através de 11 empresas concessionárias (Algar, Amarsul, Ersuc, Resiestrela, Resinorte, Resulima, Suldouro, Valorlis, Valorminho, Valnor, Valorsul), constituídas em parceria com os municípios servidos, que processam anualmente cerca de 3,3 milhões de toneladas de resíduos urbanos, servindo uma população de 6,2 milhões de pessoas distribuídas por 174 municípios, numa área equivalente a 60 % do território de Portugal.