Biodiversidade marinha sofrerá grandes impactos mesmo que a temperatura da terra não aumente 2°C
A biodiversidade marinha vai sofrer grandes alterações mesmo que o aquecimento global seja travado e a temperatura média do planeta não aumente 2°C. As espécies que habitam em águas mais frias vão migrar ou extinguir-se e serão substituídas pelas que vivem nas águas mais quentes – o que terá um grande impacto para a pesca industrial, já que a maior parte do peixe pescado é de água fria.
“Se as alterações climáticas não forem travadas rapidamente assistiremos a uma reorganização massiva da biodiversidade marinha a uma escala planetária”, indicam os investigadores do Centro Nacional para Investigação Científica de França, que elaboraram um estudo sobre as alterações da biodiversidade nas três eras da história terrestre, cita o Phys.org. O estudo foi publicado na revista científica Nature Climate Change.
O primeiro período a ser analisado foi o Plioceno, uma época terrestre caracterizada por temperaturas quentes que acabou há cerca de três milhões de anos. O segundo período analisado foi um de temperaturas muito mais frias – o pico da última Idade do Gelo, que também é conhecido como Último Máximo Glaciar, que ocorreu entre 26.500 a 20.000 atrás. O último período de análise compreendeu-se entre 1960 e 2013, outro período de aquecimento terrestre, mas agora potenciado pelo homem.
Posteriormente, os cientistas compararam os vários padrões com as projecções para o aquecimento global para 2100, que variam consoante o nível de emissões de gases com efeito de estufa dos próximos anos. As previsões mais optimistas, que assumem que a temperatura média terrestre apenas aumenta cerca de 1°C, apresentam um impacto mínimo para a biodiversidade marinha.
Porém, cenários mais drásticos, mas também mais reais pois são baseados nas actuais tendências de emissão de gases, assumem um aquecimento médio do planeta de 4,8°C, o que causará a maior alteração na biodiversidade marinha de pelo menos dos últimos três milhões de anos. Mesmo que a Cimeira Climática das Nações Unidas, a realizar no final do ano em Paris, consiga um acordo mundial para que a temperatura não aumente mais de 2°C até ao final do século, as alterações na biodiversidade marinha em 2100 vão ser três vezes superiores às ocorridas nos últimos 50 anos.
A investigação centrou-se nas espécies que habitam até 200 metros de profundidade, a parte mais valiosa dos ecossistemas marinhos para os humanos.
Foto: WorldFish / Creative Commons