BMW não acredita que carros elétricos venham a baixar de preço
Klaus Frölich, um executivo sénior da BMW, não acredita que o preço dos veículos elétricos venha a baixar num futuro próximo. Aliás, vão sempre ser mais caros que os equivalentes a gasolina ou gasóleo. A razão? Segundo o executivo, as baterias.
Numa entrevista ao news.co.au, Frölich disse que “é muito simples. Podemos construir carros inteiros com o que custa uma bateria”. Segundo ele, um EV que tenha uma bateria de 90 ou 100kWh custa entre 17 mil a 25 mil dólares australianos (10 500 a 15 400 euros).
Questionado sobre se a produção em massa não iria significar a descida dos custos, Frölich defende que não. Aliás, o executivo considera que o contrário vai acontecer: à medida que aumentar a procura por metais como o cobalto, os preços vão disparar porque não existe cobalto suficiente para a procura.
Na entrevista ao executivo da BMW, não foi abordado o facto de os preços das baterias já terem descido imenso nos últimos oito anos. Em 2010, as baterias custavam mil dólares por kWh. Este valor caiu para metade em 2014, e em 2018 os preços variam entre os 145 e os 114 dólares por kWh, dependendo do fabricante e de quem compra. Há quem estime que este valor é muito inferior para a Tesla, fabricante que está próximo de fabricar baterias com um custo de apenas 100 dólares por kWh — e os analistas de mercado concordam que este é o valor a partir do qual os carros elétricos serão competitivos com os veículos tradicionais a gasolina, no que toca ao preço de aquisição.
As afirmações de Frölich ignoram também que nem todos os fabricantes usam cobalto nas suas baterias dado que existem diferentes tipos de químicas, e mesmo os que usam cobalto querem acabar com a sua dependência deste mineral.
Marcas tradicionais mostram que não estão realmente interessadas na eletrificação?
Comentários como este do executivo da BMW parecem mostrar que as marcas tradicionais não estão realmente interessadas na eletrificação. Estão, antes, a ser obrigadas a construir carros elétricos devido à legislação mais exigente no que toca às emissões.
A China, por exemplo, país que luta com problemas de qualidade do ar, está a exigir aos fabricantes de automóveis que tenham pelo menos 10% de veículos elétricos na sua frota a partir de 2019. Por cá, na Europa, a Volkswagen ameaçou com desemprego se a União Europeia aprovasse leis mais duras no que toca à redução das emissões de CO2, algumas semanas depois de ter apresentado com grande fanfarra a sua plataforma MEB que, segundo a VW, iria permitir à empresa produzir veículos elétricos aos milhões e a preços acessíveis.
Atitudes como esta fazem lembrar outras, dos anos de 1970, quando a indústria automóvel lutou ativamente contra a obrigatoriedade de melhorar a segurança dos veículos através da introdução de cintos de segurança. Também nessa altura, lutaram contra a obrigatoriedade de instalar conversores catalíticos para diminuir as emissões poluentes.