Boom Festival 2023 vai medir emissões de CO2 e educar sobre práticas sustentáveis



O Boom Festival vai medir pela primeira vez as emissões de dióxido de carbono (CO2) de todo o evento, dos menus alimentares em particular, e criar uma nova área de educação sobre práticas sustentáveis, revelou hoje um dos organizadores.

Artur Mendes, que se encontra em Londres a participar na conferência “The Green Events & Innovations Conference – GEI 15”, dedicada à discussão sobre a sustentabilidade em eventos públicos, adiantou que o Boom Festival 2023 vai apresentar “algumas inovações ao nível daquilo que é a parte ambiental”.

“Vamos fazer uma métrica de todo o CO2 do Festival e vamos fazer uma métrica pela primeira vez, que é algo também muito inovador a nível mundial, da sustentabilidade dos menus alimentares, uma vez que a indústria agrícola e também a nutrição estão na ordem do dia”, adiantou, em declarações à margem da conferência.

Segundo Mendes, as pessoas vão poder avaliar o impacto ambiental da comida disponível à venda dentro do recinto.

Em termos das atividades, o Festival vai ter “uma nova área chamada Ecodome, precisamente para educar as pessoas em práticas mais sustentáveis”, acrescentou.

O Boom Festival realiza-se de 20 a 27 de julho na Herdade da Granja em Idanha-a-Nova, no distrito de Castelo Branco.

Os 21 palcos do espaço oferecem música e outras artes perfomativas, juntando cerca de 800 artistas de 55 nacionalidades, mas também atividades como yoga e meditação, conferências e ‘worskhops’.

“O festival foca-se naquilo que é a experiência e não naquilo que é o programa, que também é algo que nos diferencia”, disse o co-organizador, ao destacar o “lado multidisciplinar” do projeto.

Artur Mendes falava após intervir num dos painéis da Conferência que decorreu hoje em Londres sobre o tema “Adaptar ao novo clima”, onde falou dos esforços para mitigar o risco de incêndio, combater a escassez de água e promover a biodiversidade.

Além de ter antecipado as datas do Festival de agosto para julho, para evitar os dias de maior calor na região, uma equipa permanente trabalha diariamente no terreno.

Durante os meses de intervalo entre os eventos, são plantadas novas árvores e arbustos e podadas as existentes para reduzir a densidade vegetal e diminuir o risco de fogos florestais.

A escassez de água é outra preocupação, pelo que, durante o festival, as águas residuais dos chuveiros são encaminhadas para uma estação de tratamento para serem reutilizadas na irrigação, regeneração e reflorestamento.

O saneamento é 100% compostável, produzindo fertilizante que é adicionado à terra para criação de solo.

“A herdade é nossa e ao ser nossa permite-nos fazer uma abordagem muito experimental, mas também muito focada naquilo que são as permissões legais e naquilo que é a contenção dos riscos de incêndio e internacionalmente, reconhecem o trabalho que fazemos”, congratulou-se Mendes.

O Boom Festival está nomeado para quatro categorias dos prémios “The International Greener Festival Awards”, cuja entrega será realizada hoje: “Circular Event Award”, “Pied Piper Award”, “AGF Water and Sanitation Award” e “Greener Innovations Award”.

A edição do ano passado do Festival recebeu cerca de 41 mil pessoas de 177 nacionalidades, 85% dos quais são estrangeiros.

Segundo Mendes, o facto de se realizar no interior do país torna a organização do evento 30% mais caro, mas a paisagem natural e o património histórico da região tornam o Boom Festival único.

“Locais como Idanha-a-Velha, Idanha-a-Nova e o interior de Portugal são algo que consegue diferenciar qualquer evento e nós felizmente beneficiamos disto e também conseguimos trazer uma mais valia para aquilo que é a experiência de algo antigo com um conceito completamente vanguardista”, referiu.





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