Brasil poderia reduzir emissões de metano em percentagem superior à meta da COP26
O Brasil poderá reduzir emissões de metano em 36% até 2030, um número sem precedentes e que representa uma percentagem superior à meta proposta na Cimeira do Clima de Glasgow em 2021 (COP26), segundo um relatório hoje divulgado.
Um relatório do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), iniciativa do Observatório do Clima, rede que reúne cerca de 80 organizações não-governamentais ambientais, indicou que o Brasil é o quinto maior emissor de metano do mundo com 5,5% das emissões do planeta.
Se o Brasil continuar com as práticas atuais, porém, as emissões de metano em 2030 serão de 23,3 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 7% face às 21,7 milhões de toneladas que o país teve em 2020, alertou o relatório.
Na COP26, mais de 120 países se comprometeram a reduzir as emissões de metano em 30% até 2030 em comparação com os níveis de 2020. De acordo com vários estudos, esse gás é 25 vezes mais poderoso na retenção de calor do que o dióxido de carbono.
Atividade agrícola, uso da terra, manuseio de resíduos, incêndios florestais na Amazónia causados pela desflorestação e o setor energético são responsáveis pelas emissões desse gás no país.
A maior parte do metano (72%) resulta da atividade agrícola, um dos principais motores da economia do gigante sul-americano.
A pecuária é responsável por 91,6% das emissões do setor. Só os arrotos do gado respondem por mais da metade (11,5 milhões de toneladas) do metano lançado na atmosfera pelo Brasil, refere o relatório.
Outras causas do aquecimento por metano neste setor são os excrementos de animais, as lavouras de arroz irrigado e a queima de resíduos de cana-de-açúcar.
De acordo com o estudo, estratégias como a implantação de tecnologias de engorda, o melhoramento genético dos animais e nas dietas de ruminantes, bem como o preparo mais adequado dos solos para o cultivo do arroz, ajudam a reduzir as emissões.
Acabar com a desflorestação ilegal, reduzir o uso de lenha para cozinhar, controlar despejos na indústria de óleo e gás, erradicar aterros e aproveitar 50% do biogás produzido em aterros sanitários são outras opções que o país pode adotar.
Se o país mantiver as políticas atuais, aumentará as emissões em 7%, mas se usar as estratégias apontadas para os diferentes setores, poderá reduzir as emissões de metano em 36% até 2030, e até reduzi-las em 75% até 2050, de acordo com o relatório.