Cacatuas e humanos travam batalha pelo acesso ao lixo
Nos últimos anos, investigadores estudaram as cacatuas e perceberam que estas aprenderam – e até ensinaram outros – a roubar caixotes de lixo. E num novo estudo, concluíram que os humanos estão a começar a desenvolver os seus próprios métodos para manter as aves afastadas, com variados graus de sucesso.
“Quando vi um vídeo das cacatuas a abrir os caixotes do lixo, considerei que era um comportamento tão interessante e único que precisávamos de investigar”, disse a investigadora principal Barbara Klump, do Instituto Max Planck de Comportamento Animal.
A motivação dos papagaios é o desperdício alimentar. “Eles gostam mesmo de pão”, explica a investigadora, acrescentando que, “assim que se abre um caixote do lixo, todas as cacatuas das redondezas virão e tentarão obter algo agradável para comer”.
Klump e os colegas descreveram pela primeira vez o comportamento de abertura do caixote do lixo em 2021, relatando como as aves realizavam a proeza. Os pássaros abrem os silos com os seus bicos e depois manobram eles próprios para uma pequena borda para abrir a tampa. É um assunto de comunidade.”Poderíamos realmente mostrar que este é um traço cultural”, sublinha Klump. “Os papagaios aprendem o comportamento observando outros e dentro de cada grupo têm a sua própria técnica especial, pelo que, numa vasta área geográfica, as técnicas são mais díspares”.
Os humanos que tentam manter as aves afastadas não podem simplesmente manter as tampas do contentor completamente fechadas, até por causa da recolha do lixo. Mas, neste novo estudo, descobriu-se que as pessoas colocam tijolos e pedras nas tampas do lixo, amarram garrafas de água à parte superior, armam cordas para evitar que a tampa se vire, usam paus para bloquear as dobradiças, e mudam de táctica quando as aves descobrem.
“Não é apenas uma aprendizagem social do lado do papagaio, mas também uma aprendizagem social do lado humano”, considera a investigadora.
Klump espera que no futuro vejamos mais deste tipo de interacções entre humanos e vida selvagem. “À medida que as cidades se expandem, teremos mais interacções com a vida selvagem”, diz ela, conclui, sublinhando que é preciso compreensão e tolerância para com os animais.