Castores, águias e bisontes entre as espécies que estão a regressar à Europa
Um novo grande estudo revela que o castor, o bisonte e a águia são algumas das espécies que têm regressado de forma bem-sucedida à Europa nos últimos 50 anos. Ao todo, o relatório selecciona 37 espécies que mostram sinais de recuperação desde 1960 e analisa as razões por detrás do fenómeno.
O castor-europeu, outrora amplamente distribuído pelo continente mas reduzido para 1.200 espécimes no início do século XX, devido à caça e perda de habitat, tem registado um aumento de 14% desde 1960 – hoje contam-se cerca de 337.500 espécimes. Graças às restrições da caça e a programas de reintrodução, a espécie expandiu o seu alcance em 650% por toda a Europa e encontra-se agora em, pelo menos, 25 países.
O bisonte-europeu, o maior herbívoro da Europa, tornou-se extinto na natureza no início do século XX, também devido à caça intensa e perda de habitat. Após a sua reprodução em larga escala em cativeiro e consequente reintrodução, as populações selvagens conseguiram restabelecer-se em algumas zonas do continente, com pontos fortes na Polónia e Bielorrússia. A população totaliza já cerca de 3.000 espécimes, tendo aumentado em 3084% desde 1960.
Dos 18 mamíferos analisados, somente o lince ibérico continua em declínio, com uma queda de 84% desde 1965 e apenas 279 indivíduos em estado selvagem.
Quanto às aves, a águia-rabalva, uma das maiores aves de rapina do mundo, teve uma recuperação impressionante, face ao dramático declínio e à extinção em muitos países, entre 1800 e 1970. Com a protecção legal, a população aumentou de menos de 2.500 casais em 1970 para 9.600 em 2010. A águia-imperial-ibérica também aumentou significativamente em 734% desde 1974.
Os projectos de conservação, o aumento da legislação, a redução da pressão da caça e a eliminação de produtos químicos tóxicos estão na causa de muitos destes retornos, assegura o relatório. Os resultados representam, portanto, um grande sucesso, uma vez que a biodiversidade continua a diminuir em todo o mundo.
O relatório adverte justamente nesse sentido: “Os resultados deste relatório devem ser vistos no contexto de grandes declínios históricos. Para carnívoros como o lince euroasiático e o lobo cinzento e muitas espécies de aves, incluindo o papagaio vermelho, as distribuições e abundâncias já haviam diminuído drasticamente em relação aos níveis históricos, em meados do século XX”.
Foto: Sob licença Creative Commons