Chimpanzés podem mesmo ser pensadores racionais. Novo estudo afirma que primatas são ainda mais parecidos com os humanos do que se pensava



Os chimpanzés (Pan troglodytes) podem mudar a forma como pensam quando perante novas informações, aproximando-os dos pensadores racionais humanos.

A conclusão é de uma investigação recente, publicada na semana passada na revista ‘Science’, na qual investigadores dos Países Baixos, Reino Unido e Estados Unidos da América argumentam que os nossos primos primatas podem alterar as suas crenças com base nas informações que têm ao seu dispor, um traço-chave do pensamento racional.

“A racionalidade é uma característica distintiva do pensamento humano. Os agentes racionais formam crenças sobre o mundo com base em evidências, mas, à medida que surgem novas evidências, alteram as suas crenças ao pesarem a força das suas crenças anteriores em relação à força das novas evidências”, explicam os cientistas no artigo.

O trabalho foi realizado num santuário de chimpanzés numa ilha do Uganda no Lago Vitória, o maior lago de África. Os investigadores apresentaram aos primatas não-humanos duas caixas: uma delas contendo alimento e a outra vazia.

Numa fase inicial, os cientistas sugeriram aos animais qual das caixas continha comida. Posteriormente, sugeriram que a caixa vazia era a que continha alimento. De acordo com os resultados do estudo, os chimpanzés frequentemente mudavam a sua escolha consoante as pistas que lhes eram dadas. Pode parecer coisa de pouca monta, mas os investigadores dizem ser evidências de que os chimpanzés são capazes de pensamento racional.

“Os chimpanzés foram capazes de rever as suas crenças quando melhores evidências se tornaram disponíveis”, explica, em comunicado, Emily Sanford, da Universidade da Califórnia em Berkeley e segunda autora do estudo.

“Este tipo de raciocínio flexível é algo que frequentemente associamos a crianças de quatro anos. Foi entusiasmante mostrar que os chimpanzés também são capazes disso”, aponta.

A equipa diz ter usado técnicas e uma metodologia para assegurar que as respostas dos chimpanzés refletiam escolhas racionais efetivas e não apenas instinto, por exemplo, recorrendo a experiências altamente controladas e modelos computacionais. O objetivo era excluir noções de que os chimpanzés preferiam as sugestões mais recentes ou reagiam às sugestões para óbvias.

“Os modelos confirmaram que o processo de tomada de decisão dos chimpanzés se alinhava com estratégias racionais de revisão de crenças”, garantem os cientistas envolvidos na investigação.

Os investigadores dizem que este estudo desafia a ideia de que o pensamento racional é exclusivo dos humanos, e o objetivo é alargar o estudo a crianças humanas e a outras espécies de primatas.






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