China: catadores são melhor solução que incineração (com FOTOS)



Na baixa de Xangai, Zhang Jinling retira as caixas de cartão do lixo, da estrada ou recolhe-as directamente das casas das pessoas – um monte custa menos de €0,03. Quando a sua motorizada está cheia, ela leva a carga para um mercado de reciclagem nos subúrbios da cidade, onde vende os resíduos com €0,01 de lucro por monte. Estes mercados separam os resíduos consoante os materiais e vendem-nos a mercados maiores, que os enviam para fábricas de reciclagem para materiais individuais.

Jinling é uma das centenas de milhares de catadores chineses, que procuram lixo em todos os lados, retirando-o das ruas e vendendo-o por lucros irrisórios – são sobretudos cidadãos que migraram das zonas rurais e que tentam sobreviver nas cidades.

Segundo o Guardian, um catador pode fazer um lucro de €14 por dia. É um trabalho duro. “Preferia não o fazer e trabalhar numa fábrica ou outra empresa”, explicou Jinling ao jornal britânico.

Chem Liwen, investigador da ONG Green Beagle, afirma que o sector chinês da reciclagem é “orientado para o mercado” e que o Governo tem pouco ou nenhum envolvimento nele. À medida que o país se desenvolve rapidamente e os seus cidadãos são capazes de comprar mais produtos, a quantidade de lixo aumenta. Xangai, cidade com 24 milhões de pessoas, produz hoje 22.000 toneladas diárias de lixo. Como consequência, está a ficar sem espaço nas lixeiras.

E à medida que os preços por material reciclado flutuam, também esses produtos vão aparecendo ou desaparecendo das ruas. Recentemente, o preço por garrafas de vidro decresceu e, como resultado, cada vez mais embalagens de vidro aparecem nas lixeiras e ruas.

A resposta chinesa para a subida dos níveis de lixo é a incineração. Segundo o Shanghai Daily, quatro novas centrais vão ser inauguradas em Xangai e espera-se que, em 2016, 70% dos resíduos produzidos sejam incinerados.

No entanto, a incineração está a ser cada vez mais criticada pela população, devido aos perigos ambientais. Em Abril, os planos para a abertura de uma central de incineração em Guangdong, sul do País, foram abortados devido aos protestos.

No meio de tanta desorganização, Chem Liwen acredita que os catadores – e o sector informal da reciclagem – deveriam ser incentivados e recompensados. “Acho que não deveríamos destruir o sistema informal de reciclagem. Precisamos de lhes dar mais espaço e mais apoio, porque o sistema é muito bom”, concluiu.

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