China critica plano japonês de libertar no mar água contaminada por energia nuclear
O comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês em Macau criticou o plano japonês de libertar no mar água contaminada por energia nuclear, classificando-o de irresponsável e de violar o direito internacional.
“É um ato extremamente irresponsável (…), causará danos sem fim” e “constitui uma violação das suas obrigações ao abrigo do direito internacional”, afirmou Liu Xianfa, em comunicado enviado na quarta-feira.
“É preciso salientar que o oceano não é um caixote do lixo para o Japão e que o Oceano Pacífico não é um esgoto”, acrescentou, salientando que terá “efeitos transfronteiriços e, de acordo com a informação disponível, prevê-se que dure até 30 anos”.
O comissário lembrou que, “de acordo com a Agência Alemã de Investigação Científica Marinha, a costa de Fukushima tem algumas das correntes mais fortes do mundo e, no prazo de 57 dias a contar da data da descarga, o material radioativo ter-se-á espalhado pela maior parte do Oceano Pacífico e, em 10 anos, pelas águas globais”.
Por outro lado, frisou, “os peritos nucleares da Greenpeace salientam também que o carbono 14 contido nas águas residuais nucleares japonesas será perigoso durante milhares de anos e poderá causar danos genéticos”.
Contudo, num relatório efetuado pela Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), divulgado a 31 de maio, concluiu-se que a Tokyo Electric Power Company (TEPCO) do Japão, o operador da central nuclear de Fukushima Daiichi, “demonstrou as suas capacidades para efetuar medições exatas e precisas dos radionuclídeos presentes na água tratada armazenada no local”.
A AIEA “divulgou as conclusões no seu último relatório sobre o trabalho independente de amostragem e análise no âmbito da revisão em curso para avaliar os aspetos relacionados com a segurança do plano do Japão para libertar no mar a água tratada da central nuclear de Fukushima Daiichi”, pode ler-se no ‘site’ da agência.
O Governo japonês afirma que as águas residuais, atualmente armazenadas em cerca de mil tanques na central, têm de ser removidas para evitar fugas acidentais e para dar lugar à desativação da central.
As autoridades garantem que a água tratada, ainda que ligeiramente radioativa, será diluída para níveis mais seguros do que os padrões internacionais e será libertada gradualmente no oceano ao longo de décadas, tornando-se inofensiva para as pessoas e para a vida marinha.
“A AIEA só pode avaliar as opções escolhidas pela parte japonesa, mas não outras opções de eliminação para além da descarga no mar. Por conseguinte, independentemente do relatório final emitido pela AIEA, este não pode ser (…) um ‘passe’ para o Japão descarregar no mar águas contaminadas por materiais nucleares”, defendeu o comissário dos Negócios estrangeiros da China.
A China e algumas nações vizinhas do Pacífico também manifestaram preocupações quanto à segurança do plano.