Cientistas acreditam que Inteligência Artificial pode ajudar a prever e evitar ‘extinções em cascata’



A tecnologia tem vindo a assumir um papel cada vez mais preponderante na transformação da forma como os humanos lidam com o planeta. Algoritmos e tantos outros programas ajudam a avaliar níveis de poluição, a seguir a deslocação de animais por toda a Terra e a medir a desflorestação. E agora podem também permitir prever fenómenos de ‘extinção em cascata’.

Uma investigação internacional, liderada por cientistas da Universidade Flinders, na Austrália, revela que a implementação de Inteligência Artificial (IA) pode ajudar nos esforços de conservação da vida selvagem, identificando como as espécies interagem umas com as outras e como o desaparecimento de um desses elos pode afetar toda a teia ecológica.

O objetivo é ser possível antever eventuais riscos de extinção em cadeia mesmo antes de esses eventos acontecerem e, assim, agir prontamente para poder evitá-los.

“O planeta está a enfrentar uma crise ambiental, com as alterações climáticas, espécies invasoras, perda de habitats e outras atividades antrópicas que estão a causar uma multiplicidade de extinções”, salienta John Llewelyn, principal autor do artigo divulgado este mês na publicação ‘Ecography’.

O especialista explica que “muitas dessas extinções” são causadas por alterações nas interações entre as espécies e que a equipa percebeu que tecnologia de IA “pode prever quem come quem num mundo de espécie interligadas”.

Ao ser possível prever o risco de extinção de uma espécie consegue-se, dizem os investigadores, calcular a probabilidade de as outras espécies que lhe estão associadas serem afetadas. Por exemplo, essas tecnologias permitem saber antecipadamente o risco de extinção de um predador se as presas das quais depende para se alimentar desaparecerem.

Por outro lado, através da IA será também possível antever os impactos de espécies invasoras, nomeadamente predadores, sobre as populações nativas de presas.

Aponta Llewelyn que as co-extinções, em que o desaparecimento de uma espécie resulta no desaparecimento de outra com a qual tem uma relação ecológica de interdependência, “resultam do ganho de interações com novos predadores”, pelo que conhecer as interações entre espécies “é essencial para prever e evitar futuras extinções”.

No entanto, o investigador diz que hoje conhece-se muito pouco sobre as interações entre espécies nativas e espécies invasoras, o que faz com que seja “difícil” prever extinções. Por isso, acredita que o novo método desenvolvido com base em IA pode “preencher as muitas lacunas que temos no nosso conhecimento sobre as interações entre as espécies”.

“Ao conhecermos as espécies que interagem, podemos identificar como perturbações ambientais, como alterações climáticas e a introdução de espécies, podem ter efeitos em cascata nas comunidades ecológicas, permitindo-nos compreender como as extinções acontecem”, afirma.





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