Cientistas descobrem recife ancestral “repleto de vida” nas profundezas das Galápagos



Foi a bordo de um submergível que os investigadores da Instituição Oceanográfica Woods Hole, dos Estados Unidos da América, descobriram um recife de coral prístino a uma profundidade entre os 400 e 600 metros, o primeiro a ser detetado na Reserva Marinha das Galápagos, uma das áreas marinhas protegidas mais biologicamente diversas do mundo.

A reserva foi criada em 1998,  cerca de mil quilómetros da costa do Equador, mas esta é a primeira vez que um recife foi registado a essa profundidade nessa área, tendo-se desenvolvido sobre um vulcão subaquático dormente que até então não tinha sido mapeado e suportando uma intensa variedade de formas de vida.

A expedição à Reserva Marinha das Galápagos, que se estende por cerca de 133 mil quilómetros quadrados, ao redor das Ilhas Galápagos, no Oceano Pacífico, foi feita a bordo do navio Atlantis e as imagens do recife de profundidade foram recolhidas a bordo do submergível Alvin, munido de equipamentos de filmagem com qualidade 4K, que, segundo Daniel Fornari, um dos líderes da expedição, permitiu “revelar a beleza e a complexidade dos processos vulcânicos e biológicos que tornam as Galápagos tão únicas”.

Michelle Taylor, da Universidade de Essex e outras das coordenadoras da missão científica, descreve o recife encontrado como “prístino e repleto de vida”, desde polvos cor-de-rosa do género Opisthoteuthis e peixes que se deslocam pelo solo arenoso da família dos Ogcocephalidae, até uma multiplicidade de tubarões, raias e outros peixes.

“Este recife recém-descoberto é potencialmente uma área de importância global”, destaca Taylor, pois poderá ser usado como referência para perceber “como um habitat prístino evolui na nossa atual crise climática”.

Stuart Banks, biólogo marinho da Charles Darwin Foundation e outro dos responsáveis pela expedição, afirma que “o mais cativante sobre este recife é o facto de ser muito antigo e essencialmente prístino, ao contrário dos que encontramos em muitas outras partes dos oceanos do mundo”.

Além disso, sustenta o cientista, o estudo deste recife ancestral “podem também ajudar-nos a reconstituir ambientes marinhos do passado para percebermos as modernas alterações climáticas”, e aponta que menos de 5% da Reserva Natural das Galápagos foi explorada com a tecnologia hoje disponível, pelo que “é muito provável que existam mais recifes a diferentes profundidades à espera de serem explorados”.





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