Cinco grandes desastres climáticos em 2021 (e o que podemos esperar nos próximos anos)
Os desastres climáticos estão a atingir o mundo quatro a cinco vezes mais e a causar sete vezes mais danos do que na década de 1970, mas menos mortos, aponta a agência de meteorologia das Nações Unidas.
Texas: tempestade
Em fevereiro, uma grande tempestade de neve atingiu o estado do Texas, causando graves falhas energéticas e uma escassez de produtos básicos, deixando cerca de 13 milhões de pessoas sem energia. O impacto económico foi de 200 mil milhões de dólares em danos materiais e foram registadas mais de 200 mortes. Como sublinhou o xerife do condado de Harris, Ed Gonzalez, “o clima não está apenas frio, está a matar”.
Austrália: inundações
Em março, a costa leste da Austrália registou chuvas recordes e inundações durante uma semana. Cerca de 18 mil pessoas tiveram que ser evacuadas da região, com danos que totalizaram os 2,1 mil milhões de dólares. “Estamos em território desconhecido”, alertou Ian Wright, especialista em hidrologia da Universidade Ocidental de Sydney
França: onda de frio
No início de abril uma onda de frio atingiu grande parte do centro da França causando grandes perdas agrícolas, com mais de 80% das lavouras devastadas. Este fenómeno foi, oficialmente, o maior desastre agrícola desde o início do século XXI no país.
Índia e Sri Lanka: Ciclone Tauktae
Em maio, o furacão Tauktae de categoria 4 formou-se no Mar da Arábia e avançou em direção à costa oeste da Índia, afetando também as Maldivas e o Sri Lanka. Foi o ciclone mais forte a atingir o estado de Gujarat desde 1999. Ventos intensos, chuvas e inundações deixaram mais de 1,5 mil milhões de dólares em danos materiais e cerca de 200 mortos.
Estados Unidos, Furacão Ida
O furacão Ida atingiu a costa leste dos Estados Unidos no final de agosto, com dias de chuva recorde, depois de ter atingido a Costa do Golfo como um dos furacões mais fortes de que há registo nos EUA. A tempestade intensificou-se rapidamente e matou, pelo menos, 45 pessoas desde Maryland até Nova Iorque. Rios e riachos transbordaram para níveis recordes e as estradas, alagadas, “engoliram” os carros.
E o futuro?
Uma coligação de cientistas norte-americanos concluiu que os desastres relacionados com o clima aumentaram desde 2019, devido a temperaturas recordes e elevadas concentrações atmosféricas de gases com efeito de estufa.
“Os acontecimentos e padrões climáticos extremos a que assistimos nos últimos anos, para não mencionar nas últimas semanas, sublinham a urgência acrescida com que devemos enfrentar a crise climática”, disse o investigador Philip Duffy, coautor do estudo e diretor executivo do Woodwell Climate Research Center, com sede em Massachusetts.
Os investigadores, também da Universidade de Oregon e do Instituto de Ciências Biológicas da Virgínia, resumiram as conclusões numa série de artigos publicados na revista BioScience e todos concordaram que os efeitos da crise climática são demasiado evidentes. Entre os sinais de aviso, os investigadores apontaram que 2020 foi o segundo ano mais quente desde que há registos, enquanto os cinco anos mais quentes da história ocorreram desde 2015.
Além disso, três grandes gases com efeito de estufa, dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, atingiram um recorde de concentração atmosférica no ano passado e este ano também.
“Há provas crescentes de que estamos a aproximar-nos ou já fomos além dos pontos de rutura associados a partes importantes do sistema terrestre, incluindo recifes de coral de águas quentes, floresta tropical amazónica e lençóis de gelo da Antártida Ocidental e Gronelândia”, disse o professor de ecologia na Universidade do Oregon William Ripple.
Os cientistas comprovaram que a coincidência de tantos relatos de eventos naturais extremos, tais como os incêndios na Califórnia ou as inundações na Europa Central, é uma resposta à rápida deterioração do clima.