Clima: Índia com recordes em agosto e Austrália com inverno mais quente

A Índia bateu o recorde de temperatura média elevada em agosto e a Austrália viveu o inverno mais quente desde que há registos, anunciaram hoje as autoridades meteorológicas dos dois países, situados em hemisférios opostos.

A Índia registou a temperatura média mais elevada de sempre em agosto, com 28,4 graus Celsius, 0,84 ºC acima da temperatura média normal.

Trata-se do valor médio mais elevado desde 1901, quando começaram a ser feitos os registos, disse o Departamento Meteorológico Indiano (IMD), citado pela agência francesa AFP.

O IDM atribuiu o recorde principalmente a “uma escassez de precipitação e uma monção fraca”, segundo a AFP.

O mês de agosto na Índia calha a meio da estação das monções, que contribuem normalmente com 80 por cento da precipitação anual do país mais populoso do mundo (mais de 1,4 mil milhões de habitantes).

Este ano, a monção trouxe muito menos chuva, contribuindo para aumentar a temperatura, com a precipitação média em agosto a cair para 161,7 milímetros, menos 30,1 mm do que o anterior mínimo registado em 2005.

As chuvas de verão são vitais para a segurança alimentar na Índia, onde milhões de agricultores dependem da monção para garantir a viabilidade das colheitas.

A monção ocorre quando o calor aumenta a temperatura da massa terrestre indiana, fazendo com que o ar quente suba e se encontre com ventos mais frios transportados pelo Oceano Índico, o que provoca chuvas fortes.

Também no hemisfério norte, o Japão anunciou hoje que as temperaturas médias no verão foram as mais elevadas desde que as estatísticas foram estabelecidas em 1898, com uma anomalia média de +1,76 ºC.

Já a China admitiu hoje que o supertufão Saola poderá ser o mais forte desde 1949 a atingir o delta do Rio das Pérolas, que inclui as regiões de Macau e de Hong Kong.

No verão deste ano, foram observadas temperaturas recorde em vários países e julho foi o mês mais quente alguma vez registado na Terra, de acordo com o serviço europeu Copernicus.

Em diversas regiões no hemisfério norte, particularmente no sul da Europa, ocorreram ondas de calor de elevada intensidade e extensão, com anomalias de temperatura média do ar de cerca de +4 ºC na Itália, Grécia e Espanha.

Em Portugal, também houve temperaturas elevadas, como a de 45,6 ºC em 22 de agosto, quando metade do território continental registou temperaturas iguais ou superiores a 40°C.

No Sul, o inverno australiano foi o mais quente desde que há registo, com uma temperatura média 16,75 ºC entre junho e agosto, apenas um pouco acima do recorde anterior, estabelecido em 1996.

Os primeiros registos meteorológicos da Austrália datam de 1910.

Os investigadores australianos têm alertado repetidamente para o facto de as alterações climáticas estarem a aumentar o risco de catástrofes naturais, como incêndios florestais, inundações e ciclones.

Após vários anos de verões húmidos, os peritos esperam que o próximo verão seja o mais intenso em termos de incêndios florestais no país da Oceânia desde 2019-2020.

No início deste ano, a Austrália também registou os ventos mais fortes jamais verificados no país, quando um violento ciclone tropical assolou o noroeste com rajadas de 289 quilómetros por hora.