Climáximo e Greve Climática Estudantil Portugal apresentam novo Inventário Nacional
Segundo a Organização das Nações Unidas, os países têm menos de 10 anos para reduzir as emissões de gases poluentes, e após análise dos dados mais recentes, esse corte corresponde atualmente a 11% – houve um aumento. Em Portugal o panorama não é melhor; o país terá de cortar em 9 anos 74% das emissões nacionais.
Em 2018 foram emitidos 68 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (MTCO2eq), e em 2030, o objetivo é que estas cheguem às 18 MTCO2eq.
“A nossa casa está a arder, cada vez mais rápido e cada vez mais” – é com este paradigma e este alerta que foi hoje anunciada a publicação de um Inventário Nacional pelo Climáximo e pela Greve Climática Estudantil Portugal.
Esta ferramenta surge no âmbito da assinatura por ambas as partes do Acordo de Glasgow, em novembro de 2020, no qual se comprometem a produzir um inventário e uma agenda pela justiça climática de Portugal. O primeiro, hoje aqui apresentado, foca-se nos principais setores e emissores de gases com efeito estufa e os seus projetos futuros no país, e a segunda, será um plano de ação elaborado pelas comunidades, pelas organizações e pelos movimentos, que permita fazer uma verdadeira mudança – a que os governos e instituições internacionais não estão a fazer.
O inventário trata-se assim de uma espécie de diagnóstico inicial dos cortes necessários a fazer nas emissões. Com foco nas emissões produzidas por cada setor, destaca-se em primeiro lugar o dos Transportes, com 24,200,000 MTCO2eq, a Energia com 22,390,00 MTCO2eq, a Indústria com 15,000,000 MTCO2eq, a Agricultura, Florestas, Pecuária e Pesca com 8,010,000 MTCO2eq e por último os Resíduos com 4,570,000 MTCO2eq.
Distinguem-se ainda 20 infraestruturas com maior número de emissões no país, como é o caso da Refinaria de Sines (1º lugar), o Central de Ciclo Combinado da Tapada do Outeiro (2º lugar) e o Complexo Industrial de Setúbal da Navigator (3º lugar). São ainda mencionadas várias infraestruturas agrupadas consoante o seu setor, e a quantidade das suas emissões.
Relativamente aos novos projetos, cada um tem diferentes níveis de preocupação, no entanto, distinguem-se projetos como a Expansão do Aeroporto de Lisboa, o Novo Aeroporto, o Gasoduto Celorico, a Expansão de portos e/ou drenagens (Sines, Lisboa, Figueira da Foz, Porto, Aveiro) e a Prospeção e Exploração de lítio e outros minerais.
Numa próxima fase será realizado o tratamento destes dados e será desenvolvido um plano de ação. Como garantem as duas organizações, “É a partir desta informação que vamos começar um processo alargado de criar um plano que consiga fazer o que nenhum governo do mundo está a fazer ou sequer a propor: cortar o que é preciso.”