Coligação de ONG Smoke Free Partnership quer alteração na produção de tabaco na UE



A coligação europeia de ONG Smoke Free Partnership (SFP) pediu hoje alterações na produção de tabaco, observando que a União Europeia a “continua a subsidiar”, através da sua Política Agrícola Comum (PAC).

“Existe um paradoxo político entre as iniciativas ambiciosas da UE – como o Plano Europeu de Combate ao Cancro e a estratégia “Farm to Fork” – e as práticas atuais que prejudicam a resiliência alimentar e a saúde pública”, afirma a diretora da SFP, Lilia Olefir, citada num comunicado da coligação divulgado pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia, que se alia à iniciativa.

No Dia Mundial Sem Tabaco, cujo tema proposto pela Organização Mundial de Saúde é “Precisamos de comida, não de tabaco”, a SFP destaca que “a produção de tabaco continua a ser subsidiada pela Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia, abusa de trabalhadores migrantes e contamina com nicotina plantações e vegetação”.

Segundo a Smoke Free Partnership, a produção de tabaco é subsidiada pela UE “com um valor entre 100 e os 270 milhões de euros ao longo de cinco anos”, pedindo a coligação de organizações não-governamentais “mais apoio governamental para a transição para o cultivo de culturas sustentáveis, que contribuam para a segurança alimentar global”.

Em relação aos abusos de trabalhadores migrantes, o comunicado cita uma investigação do jornal britânico The Guardian, de 2019, relatando que tal aconteceu “em plantações de tabaco em Itália, o maior produtor europeu de tabaco em rama”.

Os trabalhadores migrantes africanos, incluindo menores, eram “obrigados a trabalhar 12 horas por dia, sem contrato nem equipamento de proteção, e recebendo apenas três euros por hora”.

A SFP cita um outro estudo realizado em Itália que relaciona a produção de tabaco com níveis elevados de nicotina nas plantações da área, incluindo de alimentos, assinalando que também “depende fortemente de pesticidas – ameaça à saúde pública – que poluem o solo e as águas subterrâneas”.

“Acabar com o financiamento da UE à produção de tabaco estaria em linha com a recomendação da Agência Europeia do Ambiente para reduzir a dependência de pesticidas químicos e preservar os sistemas de produção de alimentos na Europa”, afirma a SFP.

A Sociedade Portuguesa de Pneumologia, por seu turno, alerta para a necessidade de apoiar os produtores de tabaco dos Açores – a única região em Portugal onde se cultiva a planta e se produz o produto – para desenvolverem outra atividade agrícola sustentável e rentável, que não o cultivo do tabaco.





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