Como as alterações climáticas vão pôr em causa a indústria dos desportos de Inverno
As alterações climáticas afectam tudo. Inclusive, para os amantes de desportos de Inverno, a quantidade de neve que cai nas montanhas – e nos resorts de ski – e a duração da estação fria, o que pode pôr em causa a viabilidade deste negócio.
Segundo um estudo do jornal Hydrology and Earth System Sciences, em 2050 as montanhas da bacia do rio Colorado – que se estendem pelo Wyoming, Utah, Colorado, Novo México e Arizona – podem ver chegar a Primavera cerca de seis semanas antes do habitual, devido às alterações climáticas e outros eventos naturais na região.
Isto significa, claro, que os resorts de ski terão de se adaptar rapidamente às novas regras da natureza. Mas não só. “O desaparecimento rápido da neve poderá aumentar o problema da falta de água no rio”, explica o jornal. “A chegada antecipada da Primavera significa também uma época seca mais longa, o que aumenta o risco dos incêndios e pressão nos ecossistemas aquáticos”.
Nas últimas décadas, na América do Norte, a quantidade de neve diminuiu entre 1,5 a 2% durante a Primavera, por década. Ou seja, a época da neve está tornar-se mais pequena.
Segundo o Huffington Post, todos estes dados estão a preocupar os gestores dos resorts de ski, que se tornaram nos mais recentes aliados do combate às alterações climáticas. “Temos algumas rotas, na montanha, onde já só existe neve artificial”, explicou o CEO da Jackson Hole, Jerry Blann.
De acordo com o The New York Times, 103 resorts de ski da zona oeste do País poderão não ter 100 dias de neve por ano até 2039. Dentro de 80 anos, apenas quatro dos 14 maiores resorts de ski norte-americanos darão lucro.
“[As alterações climáticas] serão uma devastação económica para a indústria do desportos de Inverno, dependentes da queda de neve”, comenta o relatório. As áreas ligadas ao ski empregam 211 mil pessoas, só nos Estados Unidos, gerando uma facturação anual de €9 mil milhões (R$ 28,5 mil milhões).
“Sem nenhuma intervenção, as temperaturas de Inverno vão aquecer entre 2,4ºC e 6ºC até ao final do século. E gerarão menos neve. As profundidades de neve poderão diminuir entre 25 e 100%”, conclui o estudo.
Na Europa, o cenário poderá ser o mesmo, com muitas das estâncias e resorts de ski a produzirem cada vez mais neve artificial – e a verem o número de clientes a reduzir.
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