Conservar florestas antigas é crucial para combater as alterações climáticas



Os especialistas climáticos dizem-nos que o combate às alterações climáticas deverá ser feito com recurso ao que se conhece como ‘soluções baseadas na natureza’ (nature-based solutions, em inglês). E na cimeira global do clima, que se realizou em novembro, no Egipto, os líderes mundiais reafirmaram a importância de proteger e conservar as florestas, por serem verdadeiros ‘sumidouros’ de gases com efeito de estufa.

Agora, um grupo de geógrafos, biólogos e ecólogos dos Estados Unidos, da China e de França afirmam que as florestas mais antigas, aquelas que não tenham sido significativamente perturbadas pela ação humana, são aliados fundamentais no combate às alterações climáticas. Isto porque têm uma capacidade “excecional” para resistir à seca e para armazenar carbono, comparativamente a árvores mais jovens.

Além disso, florestas mais diversas, compostas por um grande número de espécies, “podem aumentar a sua capacidade para resistir a futuras secas no quadro das alterações climáticas”.

A investigação, revelada num artigo publicado recentemente na revista ‘Nature Climate Change’, teve por base a análise de perto de 22 mil árvores em cinco continentes e confirmou que “as árvores mais antigas são mais tolerantes ao stress da seca do que árvores mais jovens” e podem ser melhores ‘barreiras’ contra eventos climáticos extremos.

Jinbao Li, docente da Universidade de Hong Kong e um dos autores, afirma que a desflorestação de florestas antigas e programas de reflorestação fizeram com que as florestas do mundo passassem a ser dominadas por árvores mais jovens. Por isso, “eventos climáticos extremos, tais como secas, que ocorrem com cada vez maior frequência em muitas regiões do mundo devido ao aquecimento global, levantam preocupações para estas florestas menos maduras”.

A esse respeito, Tsung Fung Au, parte da equipa que realizou a investigação, argumenta que é “imperativo” perceber como as árvores mais jovens se comportam quando submetidas à pressão da escassez ou à falta de água, relativamente a árvores mais antigas da mesma espécie.

Os cientistas perceberam que, em períodos de seca, o crescimento das árvores mais jovens é reduzido em 28%, ao passo que o das mais antigas cai 21%, mas avançam que em casos de seca extrema essa diferença será ainda maior, com as árvores mais velhas a registar um crescimento comparativamente maior.

Apesar de reconhecerem que essa diferença possa ser considerada ‘trivial’, os autores assinalam que poderá ser determinante, pois uma árvore mais velha tem maior capacidade para armazenar carbono do que uma mais jovem.

Embora sejam mais sensíveis à falta de água, as árvores mais jovens, contam os especialistas, têm uma maior capacidade para recuperar da seca do que as ‘parentes’ mais velhas, ou seja, são menos resistentes mas são mais resilientes, pelo que, a longo-prazo, poderão ser capazes de armazenar mais carbono. Contudo, a urgência da crise climática exige soluções imediatas, pelo que as florestas mais antigas são, assim, um aliado de peso na luta contra os piores efeitos de um clima em convulsão.





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