Consumo global de gás em Portugal cai 12,9% entre agosto e dezembro



A procura global de gás natural em Portugal caiu 12,9% entre agosto e dezembro de 2022, destacando-se uma redução no consumo convencional, cumprindo a meta voluntária da União Europeia (UE) para garantir armazenamento até março deste ano.

Os dados foram hoje divulgados pela Agência para a Energia (ADENE) que, no quarto relatório de progresso do Plano de Poupança de Energia 2022-2023 sobre o período de agosto a dezembro do ano passado, aponta para uma diminuição de 12,9% no consumo global de gás face à média histórica dos últimos cinco períodos homólogos.

Este valor compara com a meta em vigor na UE desde agosto passado para reduzir voluntariamente, até à primavera de 2023, 15% do consumo de gás, visando aumentar o armazenamento nos Estados-membros e criar uma ‘almofada’ perante eventual rutura no fornecimento russo.

“Este decréscimo fez-se sentir fortemente na vertente de consumo convencional, com uma redução de 23,3%, ao passo que na componente de consumo, devido à produção de energia através das centrais termoelétricas, foi verificado um ligeiro aumento de 2,9%”, destacou a ADENE em comunicado.

Em declarações à Lusa, o presidente da ADENE, Nelson Lage, salientou que “estes números mostram bem a importância de dar continuidade ao mecanismo ibérico porque há ainda gastos relevantes de gás natural na produção de energia por via das centrais termoelétricas”.

Numa alusão ao mecanismo ibérico que limita o preço do gás na eletricidade, em vigor desde maio de 2022, Nelson Lage apontou que, “para Portugal e Espanha, é crucial manter o preço do gás o mais baixo possível durante um período mais alargado de tempo e, por isso, os dois países já solicitaram o prolongamento deste mecanismo até ao final de 2024”.

“Seria importante que este mecanismo fosse adotado no novo desenho da reforma do mercado da eletricidade da União Europeia porque iria permitir a continuidade de preços mais acessíveis aos consumidores”, vincou o responsável.

A Comissão Europeia disse à Lusa estar “em contacto” com autoridades espanholas e portuguesas para prolongar, após maio, o prazo de funcionamento do mecanismo ibérico que limita o preço do gás na produção de eletricidade, aguardando notificações de Portugal e Espanha.

Dados do serviço estatístico comunitário, o Eurostat, revelam que o consumo de gás natural na UE diminuiu 19,3% no período de agosto de 2022 a janeiro de 2023, em comparação com o consumo médio de gás para os mesmos meses entre 2017 e 2022.

Os meses dados apontam que Portugal foi o sétimo país da UE com menos redução do consumo global de gás, dado que, entre agosto de 2022 e janeiro deste ano, o país registou um decréscimo de cerca de 17% no que toca à média dos últimos cinco anos, de acordo com a Direção-Geral de Energia e Geologia.

Também ouvido pela Lusa, o presidente da direção da APREN, Pedro Amaral Jorge, lembrou que “as medidas propostas de redução do consumo de eletricidade e de gás natural são medidas de último recurso para controlar a subida dos preços desses energéticos”.

“É importante percebermos que a crise energética europeia é, sobretudo, uma crise de oferta e não de procura”, pelo que na reforma em breve iniciada do mercado da eletricidade da UE “deve ser encarada com prudência pois comporta o risco de criar uma fragmentação do mercado interno/europeu da energia”, adiantou Pedro Amaral Jorge.

Em julho de 2022, a Comissão Europeia propôs uma meta para redução do consumo de gás UE de 15% até à primavera.

O objetivo é que, até 31 de março de 2023, os Estados-membros reduzam em 15% os seus consumos de gás natural (face à média histórica nesse período, considerando os anos de 2017 a 2021), de forma a aumentar o nível de armazenamento europeu e criar uma ‘almofada’ de segurança para situações de emergência.





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