“Continuamos a caminhar na direção oposta”: Apesar da subida das renováveis em 2022, combustíveis fósseis mantêm-se no topo



A produção de energia a partir de fontes renováveis aumentou cerca de 1% em 2022 a nível global. Apesar de a eólica e a solar terem “continuado a crescer rapidamente” no ano passado, representando 12% da geração total de eletricidade, no mundo a energia poluente ainda domina, com uma contribuição de 82%.

A conclusão é do mais recente relatório da indústria energética global, o ‘Statistical Review of World Energy’, elaborado pelo Energy Institute em parceria com as consultoras KPMG e Kearny, e divulgado esta segunda-feira.

Em 2022, o carvão manteve-se como a principal fonte de produção de energia, com uma quota de 35,4%, uma ligeira descida face aos 35,8% do ano anterior.

Ainda assim, as renováveis, excluindo a hídrica, foram a fonte de geração de eletricidade que mais cresceu, com a solar e a eólica a alcançarem um aumento de 266 GW de capacidade combinada.

A procura por gás natural caiu 3% em 2022, embora a sua produção, segundo o relatório, se tenha mantido “relativamente constante” comparando com 2021.

Fruto da continuada prevalência dos combustíveis fósseis, as emissões de dióxido de carbono mantiveram-se elevadas, subindo quase 1% em 2022.

Para Juliet Davenport, presidente do Energy Institute, no ano passado viram-se “alguns dos piores impactos de sempre das alterações climáticas – as cheias devastadoras que afetaram milhões no Paquistão, os eventos de calor extremo na Europa e América do Norte”.

A responsável diz que “temos de procurar muito para encontrar notícias positivas sobre a transição energética nestes novos dados”, acrescentando que “apesar do forte crescimento da eólica e da solar no setor energético”, as emissões globais de gases com efeito de estufa “voltaram a aumentar” e “continuamos a caminhar na direção oposta ao que é exigido pelo Acordo de Paris”.

Os cientistas estimam que é necessário reduzir em cerca de 43% as emissões de gases com efeito de estufa até 2030, face a níveis de 2019, para ser possível alcançar as metas propostas pelo acordo climático e assegurar que o aquecimento global se mantém abaixo dos 2 graus Celsius, face aos níveis pré-industriais (1850-1900).

Simon Virley, da KPMG, salienta que “apesar do crescimento recorde das renováveis”, a quota dos combustíveis fósseis no mercado global de energia “mantém-se teimosamente presa nos 82%”. Para o especialista, tal deve ser um alerta e mobilizar os governos de todo o mundo “para imprimirem mais urgência na transição energética”.

Por sua vez, Richard Forrest, da Kearney, afirma que os aumentos de 1,1% do consumo global de energia em 2022 e de cerca de 1% das emissões de gases com efeito de estufa, reforçam “a necessidade para ação urgente para colocar o mundo no caminho certo para o cumprimento das metas de Paris”.

A necessidade para uma transição energética que deixe para trás os combustíveis fósseis “nunca foi tão premente”.





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