Da energia solar aos insetos comestíveis. Conheça os 10 factos que vão mudar o Planeta em 2021



A revista The Economist publicou recentemente mais um dos seus tradicionais anuários: The World in 2021 (O Mundo em 2021). Os temas da Sutentabilidade, Clima e Aquecimento Global estão entre os mais destacados. O editor Tom Standage, na apresentação do anuário afirmou: “O próximo ano promete ser particularmente imprevisível, dadas as interacções entre a pandemia, uma indefinida recuperação económica e uma turbulenta geopolítica.”Também este ano, a plataforma Trendwatching avançou com uma lista de tendências, em diferentes indústrias, que vão crescer radicalmente por influência direta do coronavírus. Ao mesmo tempo, vários pensadores dizem que o coronavírus funciona como um “acelerador de futuros”. Ou seja, a pandemia antecipará mudanças que já estavam em curso, como o trabalho remoto, a educação a distância ou a procura da sustentabilidade. Para outros cientistas, no entanto, os efeitos da pandemia causada pelo novo coronavírus durará muitos anos mas também podem acelerar a transição da sociedade para novas formas de viver em comunidade.

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O ano da energia solar

À medida que procuramos soluções para a crise causada pela pandemia e para o desafio a longo prazo das alterações climáticas, as novas tecnologias oferecem uma oportunidade única. Abraçar a nova geração de tecnologias de eletrificação, alimentadas por energias renováveis, ajudar-nos-á a descarbonizar a economia, ao mesmo tempo que criará milhões de novos empregos locais e não exportáveis. Em 2021, por exemplo, algumas cidades norte-americanas vão construir casas novas com painéis solares, que incluem um carregador de carros e baterias para armazenar energia solar e partilhá-la em rede. Com a tecnologia certa, ainda é possível ter carros, casas e ar condicionado sem ferir o ambiente. Um futuro de carbono zero é realista e começa em casa, acreditam os especialistas.

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Insetos comestíveis e carne de laboratório estão na ementa

Embora dois mil milhões de pessoas em todo o mundo comam regularmente insetos, os consumidores do Ocidente sempre os evitaram como fonte de alimento. Mas as preocupações com o impacto ambiental da produção alimentar estão a colocar os insetos na ementa: são ricos em proteínas e mais sustentáveis para produzir do que carnes, como a carne de vaca ou a carne de porco. Os produtos de insetos estão disponíveis em vários países europeus, como o Reino Unido ou a Alemanha. No entanto, a investigação da Plataforma Internacional de Insetos para Alimentação (IPIFF) estima que apenas 9 milhões de pessoas na União Europeia tenham comido alimentos à base de insetos em 2019 — apenas 2% da população.

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Ciência e tecnologia vão ajudar a combater as alterações climáticas

O ano de 2021 poderá ser o ano mais significativo de sempre para o combate às alterações climáticas. Dois desenvolvimentos recentes tornaram isto possível. Em primeiro lugar, como a ciência nos diz que temos uma década para reduzir drasticamente as emissões ou enfrentar os piores impactos das alterações climáticas, muitos desses impactos já chegaram à nossa porta. Desde os incêndios históricos e mortíferos na Austrália e na Califórnia, até às inundações severas em todo o mundo, não há como negar que as alterações climáticas já estão a perturbar o nosso dia-a-dia. Ao mesmo tempo, o apoio à ação climática nunca foi tão forte — desde a mentalidade orientada para as soluções da Geração Z, ao apoio político que cruza cada vez mais as linhas partidárias, à ambição em larga escala da Europa de se tornar o primeiro continente neutro em carbono, a sociedade está cada vez mais unificada contra a ameaça das alterações climáticas.

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A recuperação das cidades

A crise levou-nos a questionar como vivemos na cidade, como viajamos, como consumimos. Fez-nos pensar de novo sobre a nossa relação com os outros e com os espaços que partilhamos. A principal responsabilidade de um presidente da câmara é compreender estas perturbações. O que significam para o dia-a-dia da população da cidade e como a cidade funciona? Em comparação com todos os outros decisores políticos públicos, os autarcas estão mais bem colocados para compreender a realidade da vida dos seus cidadãos. É por isso que a ação a nível da cidade é, provavelmente, a melhor ação para medidas concretas contra as consequências de uma crise como esta. A preparação para o mundo pós-pandemia começa com a gestão das emergências de hoje.

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A batalha dentro da indústria de veículos elétricos vai intensificar-se

A Covid-19 provocou uma queda de 20% nas vendas globais de veículos ligeiros em 2020, para cerca de 70m, mas vão recuperar em 2021. E, liderada pela China, a proporção de veículos movidos a baterias crescerá rapidamente. Tudo isto vai mudar a forma como as pessoas viajam. A energia elétrica requer uma reconsideração fundamental da arquitetura interna de um carro, transformando-a num computador sobre rodas. Durante o próximo ano, as empresas do ecossistema de carros elétricos – Tesla, seus competidores, construtores de automóveis estabelecidos e gigantes tecnológicos – estarão a disputar a posição na corrida para um futuro eletrificado.

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A expansão das atividades humanas dispensam a deslocação física

A conquista dos meios de comunicação à distância veio para ficar. Durante o período de contenção da pandemia desenvolvemos formas eficazes de trabalhar, fazer compras ou falar com os amigos, tudo à distância. Descobrimos que muitas viagens de carro e de avião são desnecessárias. Empresas, negócios e trabalhadores vão adaptar-se mais para trabalhar longe dos escritórios. Com isso,  o ar das cidades ficará mais limpo, como já provam as quedas drásticas dos níveis de poluição em países como a Índia ou a China. ​

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A pandemia está a mudar os padrões de transporte urbano

Observadores de muitas indústrias afirmam que a pandemia acelerou a mudança nos seus sectores. Na última década, os planeadores das cidades promoveram os transportes públicos para aliviar o congestionamento e reduzir a poluição. Desde o início da pandemia, no entanto, as pessoas têm optado por opções mais solitárias, como carros e bicicletas. Mas o espaço de rua é escasso em cidades densas como Nova Iorque ou Paris. Como resultado, as grandes cidades devem esperar grandes mudanças na forma como as pessoas se deslocam em 2021. Até que uma vacina seja disponibilizada amplamente ou se encontrem melhores tratamentos, a pandemia moldará padrões de viagem. Para ver como as viagens podem evoluir, a Economist analisou dados de mobilidade da Apple, Google e TomTom em dez grandes cidades. A utilização dos transportes públicos em agosto, quando os casos de covid-19 tinham caído dos seus picos iniciais, manteve-se 40% abaixo da norma pré-pandemia. Isto sugere que em 2021, embora o vírus continue a ser uma ameaça, as pessoas continuarão a preferir viagens independentes, apesar dos esforços para tornar os transportes públicos mais seguros, promovendo o uso de máscaras.

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Investidores de risco mais conscientes com a proteção do Planeta

“Em certa medida, tentamos assustar os investidores”, admite Mateo Jaramillo, cofundador da Form Energy, à Economist. A startup está a tentar resolver um dos problemas mais complicados das renováveis. A energia solar e eólica é intermitente, por isso, as empresas de serviços públicos verdes devem armazenar energia em excesso e libertá-la quando nenhum sol brilha ou sopra brisa. Grandes baterias de iões de lítio podem descarregar energia até quatro horas. A Form Energy, fundada em 2017, quer estender isso mais dias e com uma tecnologia de bateria diferente e não revelada. Em maio deste ano anunciou um projeto-piloto com a Great River Energy, uma empresa de Minnesota. A maioria dos investidores de capital de risco quer ver retorno num períod de cinco a sete anos. A Form Energy não se pode queixar de falta de paciência. Entre os que acreditam nesta startup estão a Breakthrough Energy Ventures, um fundo criado por Bill Gates e apoiado por outros bilionários; a Eni Next, o braço da petrolífera italiana; e The Engine, um fundo gerido pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

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Maior controlo à produção de animais

Muitos dos processos de produção de animais podem estar na origem de doenças potencialmente catastróficas. O Covid-19, provavelmente, teve origem em animais selvagens presos em jaulas e sem condições de higiene para consumo humano na China. A publicação científica “American Journal of Public Health” alertou em 2007 que a produção de animais em situações como esta poderia ser a origem da próxima grande pandemia. Nunca foram levados a sério.​

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O mundo reunido na COP26

Sob o lema Unindo o mundo para enfrentar as mudanças climáticas, a próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26) — que será realizada em Glasgow (Reino Unido) entre os dias 01 e 12 de novembro de 2021 — reunirá representantes de cerca de 200 governos com o objetivo de acelerar a ação climática para cumprir o Acordo de Paris. Recorde-se que no dia 12 de dezembro de 2015, no âmbito da COP21, os líderes mundiais aprovaram em Paris um acordo histórico para travar as mudanças climáticas. Os países signatários comprometeram-se a manter o aumento da temperatura média do planeta muito abaixo dos 2 ºC — em relação aos níveis pré-industriais — e a trabalhar para limitar esse aumento a 1,5 ºC.





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