De Lance Armstrong à África profunda: esta é a história da Buffalo Bicycles
Em 2004, depois de o mediático tsunami asiático ter destruído parte do Sri Lanka, o vice-presidente da SRAM, Frederick Day, fundou uma associação para oferecer bicicletas às populações mais necessitadas deste País, a World Bicycle Relief (WBR).
A escolha da bicicleta, por Frederick Day, como elemento de ajuda humanitária, tem uma explicação. A SRAM é a maior empresa de componentes de bicicleta dos Estados Unidos e, entre outros, fornece as peças para o equipamento de Lance Armstrong.
A associação foi tão bem-sucedida que começou, então, um processo de internacionalização. Arrancou para outros territórios africanos e chegou em 2008 à Zâmbia, distribuindo bicicletas entre os profissionais de saúde daquele País.
“Quando chegámos a África, as bicicletas que encontrámos estavam tão estragadas que não as conseguimos utilizar, por isso tivemos que gastar muito dinheiro em melhorar as bicicletas”, explicou Day ao Financial Times.
Quando chegou à Zâmbia, a WBR tinha atingido uma tal dimensão que as encomendas de bicicletas não paravam de chegar. A solução? Lançar uma nova empresa, a Buffalo Bicycles, registada em Dezembro nas Maurícias e com subsidiárias na Zâmbia, Zimbabué, Quénia e África do Sul.
Com a ajuda de um fundo de investimento, a WBR procurou várias outras empresas para desenvolver o negócio. A começar pela SRAM, que está a ajudar a desenhar a bicicleta africana, mas também a Giant Bicycles, da Coreia do Sul, que fabrica os componentes no continente asiático mas sempre com a possibilidade de fazê-lo em solo africano.
“Está tudo baseado numa escala económica. Acredito que não há razões para não fabricarmos a bicicleta neste continente”, explicou Day, garantindo que espera apenas que as encomendas o justifiquem.
As bicicletas não são baratas – entre €100 (R$ 225) e €115 (R$ 255) – mas têm uma qualidade que lhes permite, virtualmente, durarem para sempre. Ou quase. Desenvolvida de raiz para a realidade africana, a Buffalo Bicycle pretende chegar ao break-even dentro de três anos, vendendo 12 mil exemplares por ano nos países onde já é comercializada.
“Se fizermos o nosso trabalho, que é continuar a servir o consumidor final, a melhorar a qualidade e a usabilidade, e a fazer descer o preço, acredito que podemos começar a vender centenas de milhares de unidades por ano”, afirma Frederick Day. Um excelente exemplo, sem dúvida, de como a solidariedade, a economia e a sustentabilidade estão sempre de mãos dadas.
Leia também este artigo (em inglês).